Sindicato denuncia que excesso de formações está a perturbar escolas
15 de out. de 2020, 10:03
— Paula Gouveia
O Sindicato dos Professores da Região Açores (SPRA) denuncia que os
docentes da Região estão a ser sujeitos, pela Direção Regional da
Educação, a um “excesso de formação”, “numa época de dificuldades e
esforços acrescidos”.Segundo o SPRA, “este excesso de formações está
a perturbar a principal atividade do professor” e a criar nas escolas
“um sentimento de desmotivação e conflitualidade, que em nada beneficia a
Educação”, refere em comunicado.Para o sindicato, “na atual
conjuntura, marcada pela pandemia, em que, inclusive, se agrava a falta
de docentes em alguns grupos disciplinares, sobrecarregando os que estão
no ativo, em que as condições de trabalho são significativamente mais
difíceis, quer no ambiente de sala de aula, quer nos trabalhos
colaborativos que se realizam nas escolas, parece-nos incompreensível
sobrecarregar ainda mais os docentes”. Sendo que, acrescenta o mesmo
comunicado, “o direito/dever da tutela de formar os seus trabalhadores
não pode colidir com o direito dos trabalhadores a terem um horário de
trabalho compatível com o que está estipulado na lei e com uma vida
digna em termos profissionais, pessoais e familiares”.De acordo com o
SPRA, “sabendo que, em condições normais do exercício da atividade
docente, professores e educadores trabalham, regra geral, mais de 26
horas de estabelecimento e mais de 35 horas semanais, não se compreende
que, numa época de dificuldades e esforços acrescidos, se peça para
cumprirem planos de formação que se desenvolvem ao longo de todo o ano,
com sessões online, presenciais, com trabalho autónomo e colaborativo,
ao longo da semana”.O sindicato denuncia que “casos há em que alguns
docentes frequentam duas e, até, três formações em simultâneo, o que se
revela inadmissível e insustentável”. E conclui que se torna “evidente,
portanto, que, uma vez mais, a sensibilidade face às dificuldades que
as escolas e os docentes enfrentam e o bom senso que deveriam ser tidos
em conta nos horários e nas tarefas, aliviando o desgaste a que os
docentes estão sujeitos, parecem estar arredados da Direção Regional da
Educação”.