Autor: Lusa/AO Online
“Alguns dos colegas que acabaram os seus internatos na especialidade, em abril, ainda não têm o concurso feito para terem um contrato que lhes permita ficar nos Açores, nos centros de saúde e hospitais”, declarou Luísa Ferraz à agência Lusa.
A dirigente da delegação dos Açores do SIM considerou que esta lacuna “pode levar a que as pessoas sejam aliciadas por hospitais e centros de saúde do continente e se vão embora”.
“Os concursos para preenchimento de vagas têm que ser mais céleres. Não podemos acabar uma especialidade em abril e estar em dezembro à espera do concurso”, disse.
A responsável sustentou que a região tem perdido especialistas que “não estão contentes com as condições de trabalho” e “são aliciados” por outras instituições privadas.
Luísa Ferraz referiu ainda que no hospital de Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, os profissionais de saúde estão a assegurar “muitas horas de prevenção” no serviço de Urgência devido à falta de especialistas.
No seu entender, é necessário que a criação de incentivos para os médicos que queiram trabalhar nos Açores não passe apenas pela vertente pecuniária, tendo em conta que “muitas destas pessoas já têm o seu agregado familiar”.
Como exemplos de incentivos, apontou a possibilidade de se gerar férias conjuntas do cônjuge ou facilidades em escolas para as crianças.
A dirigente do SIM já pediu uma audiência ao novo secretário regional da Saúde, Rui Luís, para debater assuntos pendentes que transitaram do anterior executivo, como a renegociação dos acordos coletivos de trabalho, que já deveria ter arrancado com o anterior titular da pasta.
Luísa Ferraz identificou como tema pendente com a Secretaria Regional da Saúde a atribuição de horário e lista de utentes aos médicos de medicina geral e familiar.
A dirigente sindical referiu que as condições de trabalho destes profissionais “nem sempre são as melhores”, o que “conduz à desmotivação”.
Luísa Ferraz acrescentou que o atual sistema informático “é obsoleto”, não estando, por exemplo, os centros de saúde em rede com os hospitais, o que conduz a “gastos inúteis”.
Fonte do gabinete do secretário regional da Saúde disse à agência Lusa que o novo titular da pasta vai analisar os dossiês pendentes e que só após uma reunião com os parceiros do setor irá pronunciar-se sobre estas matérias.