Sindicato da PSP vê queixas contra atuação como negativas mas lembra que há mais tensão
10 de nov. de 2020, 11:23
— Lusa/AO Online
Dados
enviados à agência Lusa revelam que a Inspeção-Geral da Administração
Interna (IGAI) recebeu 950 queixas contra a atuação das forças de
segurança em 2019, sendo a PSP a polícia mais visada.“Gostaríamos
que não houvesse nenhuma queixa, mas não podemos esquecer que somos uma
força de segurança que está nos grandes centros e no fundo faz
segurança a cerca de 70% de toda a população portuguesa. Estão centrados
nas grandes cidades, onde a tensão é sempre maior e há mais
ocorrências”, disse à Lusa o presidente da Associação Sindical dos
Profissionais da Polícia (ASPP/PSP).Segundo
Paulo Rodrigues, nos últimos tempos tem havido uma maior tensão e uma
necessidade de reposição da ordem pública e uso de uma maior força
muscular.“Com isto não estou a
desvalorizar a importância que as queixas têm, mas também é verdade que
grande parte das queixas investigadas resulta em arquivamento. É natural
que qualquer pessoa que tenha uma interação com a polícia possa não
gostar da sua atuação ou da forma como as coisas foram feitas ainda que o
polícia tenha usado aquilo que é a sua legitimidade e tenha cumprido a
lei”, disse.No entendimento de Paulo
Rodrigues, qualquer polícia gostaria de intervir menos e de utilizar
cada vez menos a força física, só no estritamente necessário.“Mas
às vezes não há condições para o fazer de outra forma e se olharmos
também há um aumento das agressões contra polícias. É importante que o
debate se faça dentro dos governos e é importante olhar para as forças
de segurança e ver as suas necessidades. Por exemplo se forem dois
polícias a resolver um caso de desordem acaba por haver mais dificuldade
em controlar a situação do que se forem cinco ou seis. Muitas vezes
faltam meios humanos”, frisou.Por isso, segundo Paulo Rodrigues, os polícias defendem o uso de câmaras, as ‘bodycams’.“Iriam
resolver grande parte de um conjunto de interpretações que fazemos da
ação policial. O polícia sentiria mais à vontade na sua intervenção
independentemente do resultado pois sabia que a sua ação estava a ser
visionada e, por outro lado, o cidadão teria outra postura porque sabia
que estava a ser filmado”, disse.“Evidente
que para nós uma queixa é sempre uma queixa a mais, mas também é
difícil agradar a toda a gente. É um trabalho ingrato, temos de resolver
problemas”, concluiu.Os números enviados à
Lusa apenas revelam as denúncias de 2019, mas comparando com dados de
relatórios de anos anteriores, disponíveis na página da internet da
IGAI, constata-se que 2019 foi ano com o maior número de queixas contra a
atuação das polícias desde 2012.A PSP é a
força de segurança com maior número de queixas, tendo dado entrada na
IGAI 551 participações contra a atuação dos agentes da Polícia de
Segurança Pública em 2019, seguindo-se a Guarda Nacional Republicana,
com 306, o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, com 25, e outras
entidades tutelados pelo Ministério da Administração Interna (16),
mostram os dados.Segundo a IGAI, um terço
das queixas da atuação das forças de segurança estiveram relacionadas
com ofensas à integridade física, tendo dado entrada um total de 315,
227 das quais dirigidas a elementos da PSP e 80 a militares da GNR.A
violação de deveres gerais relacionados com procedimentos ou
comportamentos incorretos praticados por polícias motivaram 313
participações (32,9%) na IGAI no ano passado, 176 das quais dirigidas a
elementos da PSP e 97 a militares da GNR.