Sindicato da PSP considera estranho e inusitado anúncio de 20 milhões para viaturas
28 de nov. de 2024, 11:48
— Lusa/AO Online
O
primeiro-ministro anunciou que o Governo vai aprovar
hoje em Conselho de Ministros uma autorização de despesa de mais de 20
milhões de euros para a aquisição de mais de 600 veículos para PSP e
GNR. “Antes de mais dizer que o anúncio do
primeiro-ministro soa estranho. Achamos até que foi inusitado. Não
conseguimos alcançar ainda qual foi o objetivo de fazer uma comunicação
ao país às 08 da noite em horário nobre para anunciar 20 milhões de
euros para viaturas. Ainda estamos um pouco estupefactos com esta
realidade”, disse à Lusa o presidente da ASPP/PSP.De
acordo com Paulo Santos, o primeiro-ministro tinha todo o direito de se
dirigir aos portugueses para lhes dar a entender que está a ser feito
alguma coisa, para dar a entender que o país é seguro.“Mas
ao mesmo tempo que diz isso, diz que é necessário investir na segurança
todos os dias porque há fenómenos que estão a acontecer, o que é um
pouco esquisito. Nós queremos é saber uma coisa: há efetivamente por
parte do primeiro-ministro vontade politica para resolver os problemas?
sim ou não? Se há, tem que reforçar o Ministério da Administração
Interna, reforçar a senhora ministra e investir para resolver as
questões que todos os dias têm sido agravadas pela falta de investimento
e falta de reconhecimento pelo nosso trabalho”, sublinhou.Por
isso, diz Paulo Santos, o sindicato vai entregar hoje uma carta na
residência oficial do primeiro-ministro para pedir um maior
envolvimento, disponibilidade e sensibilidade para um reforço necessário
em termos políticos e orçamentais junto do Ministério da Administração
Interna.“Relativamente às declarações [do
primeiro-ministro]: inusitado e não anunciou nada que nos venha
tranquilizar. Não se percebe bem até a própria comunicação que fez ao
país. Lembro que temos uma polícia envelhecida, que não tem
atratividade, não tem candidatos, que tem dificuldades em formar
polícias, esquadras desadequadas, não há capacidade operacional para
responder a toda as exigências do serviço”, disse.O presidente da ASPP afirmou ainda que estão a ser cortados direitos aos polícias.“Não
consigo perceber qual é o país, face a estes problemas que são graves e
estruturais e presentes todos os dias nas esquadras, que o senhor
ministro retratou, mas sei qual é o país real”, frisou.Quanto
aos 20 milhões de euros, Paulo Santos não sabe se é muito dinheiro,
pois o que se tem assistido nos últimos anos é que há anúncios feitos
pelo Governos que depois são concretizados a 50%.“Não
sei se vai ser isto [20 milhões de euros] que vai ser investido. Temos
uma frota automóvel que não é apetrechada dignamente desde o Euro2004.
Temos de ver se é muito em função daquilo que são as necessidades e o
que vai ser executado. De anúncios está o mundo cheio”, concluiu.No
anúncio, feito no final de uma reunião com a ministra da Justiça, Rita
Júdice, a ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, o diretor
nacional da Polícia Judiciária, o comandante-geral da GNR, o diretor
nacional da PSP e o secretário-geral adjunto do Sistema de Segurança
Interna, Luís Montenegro disse que “Portugal é um dos países mais
seguros do mundo, mas o contexto tem de ser trabalhado e alcançado todos
os dias”.