Sindicato dá adesão de 50% na greve da Rede de Apoio ao Cidadão nos Açores, empresa fala em 13%
26 de abr. de 2019, 18:02
— Lusa/AO Online
À agência Lusa, o Sindicato dos
Trabalhadores da Administração Pública e de Entidades com Fins Públicos
(SINTAP/Açores) afirmou que a adesão à paralisação que se realizou
durante cinco dias teve, nos primeiros dois dias, uma adesão de cerca de
15%, mas desde quarta-feira cerca de 50% dos trabalhadores aderiram à
greve.O dirigente da unidade sindical
ressalvou, no entanto, que, na quinta-feira, esses números dizem
respeito apenas à loja do centro comercial Parque Atlântico, em Ponta
Delgada, a única que funciona durante os feriados.Já
a Rede Integrada de Apoio ao Cidadão (RIAC) avançou que “a percentagem
de adesão à greve registada no acumulado dos quatro dias em que a mesma
esteve convocada situou-se em 13% dos trabalhadores abrangidos, tendo-se
registado, diariamente, uma média de 15 trabalhadores em greve e
impacto no funcionamento em seis das 54 Lojas desta rede de serviços de
atendimento ao público”.Além da greve,
cerca de 20 trabalhadores manifestaram-se, na quarta-feira, junto às
instalações da vice-presidência, em Ponta Delgada.Em
causa está a exigência da criação de uma carreira especial, que
permita, entre outras coisas, a valorização remuneratória daqueles
trabalhadores.A RIAC abriu o primeiro
espaço em 2004 e conta, atualmente, com 54 lojas nas nove ilhas dos
Açores, que permitem fazer documentos de identificação pessoal ou do
carro e aceder a serviços da Segurança Social, de saúde ou relacionados
com o pagamento de contas de serviços públicos, entre outros.A rede integra cerca de 100 trabalhadores.Segundo
adiantou, na quarta-feira, a delegada sindical Cármen Araújo, que
trabalha na RIAC desde 2011, os trabalhadores da rede são classificados
como assistentes técnicos e ocupam “o fundo da tabela remuneratória
única”, auferindo um salário de 683,13 euros mensais.Os
trabalhadores da RIAC respondem a 65 entidades, concentrando naqueles
espaços cerca de 800 serviços, explicou, acrescentando que os
funcionários da rede exercem “um conjunto complexo de funções de elevada
responsabilidade e grau de exigência”, para os quais não estão “a ser
condignamente pagos”, considerou.“Neste
momento o que mais nos interessa é a abertura, por parte do governo,
para que se possa negociar a criação desta carreira, mas as portas
são-nos constantemente fechadas”, lamentou Cármen Araújo.A
delegação açoriana do SINTAP já abordou este assunto junto da
vice-presidência do Governo Regional dos Açores por duas vezes, tendo o
executivo apontado que a região não tem competências para a criação de
uma carreira especial para estes trabalhadores.Em
nota de imprensa, a entidade patronal fez saber que considera “injusto e
discriminatório para os restantes funcionários da administração
regional e até local” o pedido de valorização na carreira para os
trabalhadores da Rede Integrada de Apoio ao Cidadão.Acrescenta,
ainda, que não existe “especificidade legal nas funções de assistente
técnico da RIAC” e, como tal, não são “cumpridos os requisitos legais
que permitam criar uma carreira. Sobre
esta matéria, os trabalhadores da RIAC pediram um parecer jurídico que
mostra, como já tinha sido também avançado pela unidade sindical, que o
executivo regional tem competências legais que permitem a criação de uma
carreira especial.“Resulta, pois, que,
mostrando-se reunidos os pressupostos legais cumulativos exigidos para a
criação da dita carreira especial, nada impede que o Governo Regional
avance com a criação de uma carreira especial para estes trabalhadores
e/ou elabore uma proposta e a submeta à Assembleia Legislativa da Região
Autónoma dos Açores”, lê-se no parecer de 02 de abril de 2019, feito
pela sociedade de advogados Garcia Pereira e Associados, citado por
Cármen Araújo.