Sindicato considera “infelizes e desinformadas” criticas de Montenegro ao jornalismo
8 de out. de 2024, 17:41
— Lusa/AO Online
“Numa
fase em que o Governo diz que pretende valorizar o setor, o SJ
considera infelizes e desinformadas as criticas do primeiro-ministro ao
jornalismo e ao trabalho dos jornalistas”, defendeu, em comunicado, a
estrutura sindical. O primeiro-ministro,
Luís Montenegro, afirmou que pretende em Portugal um jornalismo
livre, sem intromissão de poderes, sustentável do ponto de vista
financeiro, mas mais tranquilo, menos ofegante, com garantias de
qualidade e sem perguntas sopradas. O
ministro dos Assuntos Parlamentares, Pedro Duarte, já veio esclarecer
que estas afirmações devem ser interpretadas “no sentido positivo” da
valorização destes profissionais. Para o
sindicato, estas declarações “em nada dignificam a profissão”,
contribuindo para um clima de suspeição, que o SJ lamentou e rejeitou. “Tais
palavras tornam-se ainda mais incompreensíveis porque geram
desconfiança sobre o trabalho dos jornalistas e minam a credibilidade
dos órgãos de comunicação social”, vincou. O
SJ referiu ainda que o Plano de Ação para a Comunicação Social,
apresentado pelo Governo, contempla o desmantelamento da RTP, “sob a
capa” do serviço público, ao prever o corte da publicidade e
despedimentos.Em causa, disse, está o corte da publicidade e o anúncio de despedimentos, “com o eufemismo de saídas voluntárias”. O projeto tem medidas que podem beneficiar o setor, mas “é curto” para a emergência que se vive, apontou.O
Governo apresentou o seu Plano de Ação para a Comunicação Social,
composto por 30 medidas, divididas em quatro eixos – Regulação do Setor,
Serviço Público Concessionado, Incentivos ao Setor, Combate à
Desinformação e Literacia Mediática. Entre
estas medidas está o fim da publicidade na RTP e um programa de saídas
voluntárias, que poderá abranger um máximo de 250 pessoas, sendo que
será contratado uma nova pessoa por cada duas que saírem. O
presidente da RTP já defendeu que o fim da publicidade "significa perda
de relevância” da empresa e recordou que esta muitas vezes serviu de
estabilizador do mercado publicitário.No
documento, o sindicato reforçou ainda que o Governo acomodou propostas
referentes à comparticipação das assinaturas digitais e de ofertas aos
alunos, contudo quer um plano de literacia generalizado e acompanhado
“de uma grande campanha de publicidade e de divulgação da importância do
jornalismo”. No âmbito ao incentivo da
contratação de jornalistas, o Governo anunciou a atribuição, mediante
candidatura, de um montante entregue às empresas pela contratação de
mais jornalistas com vínculo sem termo, com uma retribuição mínima
obrigatória de 1.120 euros.“Sendo
claramente a favor da remuneração de qualquer trabalho e do aumento
expressivo dos salários dos jornalistas, o SJ não pode deixar de notar
que o vencimento proposto para um estagiário da IEFP [Instituto do
Emprego e Formação Profissional] é superior ao salário pago a muitos
jornalistas em várias redações deste país”, acrescentou.