Sindicato confia em solução diplomática para trabalhadores precários
27 de jan. de 2020, 18:40
— Lusa/AO Online
“Atendendo
ao que está em causa, atendendo à justiça até da situação com estes
trabalhadores que estão a ser despedidos, considero que com boa vontade
da parte portuguesa, no sentido de sensibilizar os norte-americanos e
fazê-los ver que, com o que está em causa, é possível, de facto, pela
via diplomática encontrar soluções”, adiantou, em declarações à Lusa.O
coordenador da USAH e do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias
Transformadoras, Alimentação, Bebidas e Similares, Comércio, Escritórios
e Serviços, Hotelaria e Turismo (SITACEHT) nos Açores, Vítor Silva, foi recebido pelo Representante da República para a Região Autónoma
dos Açores, Pedro Catarino, em Angra do Heroísmo, junto com membros da
Comissão Representativa dos Trabalhadores (CRT) portugueses na base das
Lajes.Dirigentes
sindicais e representantes dos trabalhadores já se tinham reunido antes
com os partidos políticos com representação parlamentar nos Açores e
com os representantes dos Açores na Comissão Bilateral entre Portugal e
os Estados Unidos da América e na Comissão Laboral.Em
causa estão 13 funcionários com contratos a termo há vários anos ao
serviço das Feusaçores (forças norte-americanas destacadas nas Lajes),
dos quais seis reúnem, segundo o sindicato, condições para terem
vínculos permanentes. Dois destes
funcionários já foram dispensados, incluindo uma funcionária a exercer
funções na base das Lajes há 19 anos, e outros três já foram informados
de que os seus contratos não seriam renovados em 2020.“Além
do incumprimento do que está estabelecido no acordo laboral, é também
uma situação que não é aceitável do ponto de vista moral e do ponto de
vista ético. Estas pessoas não são descartáveis, não se pode tratar
assim trabalhadores portugueses, portanto, nós não vamos abdicar de
lutar por estes postos de trabalho até onde for necessário”, salientou o
dirigente sindical.Segundo Vítor Silva, o
sindicato vai voltar a solicitar uma reunião com os representantes da
comissão laboral para apresentar os casos em concreto e apresentar
queixa ao abrigo dos mecanismos existentes. “Se,
no final do mecanismo de queixa, a situação não ficar resolvida, vamos
para a via judicial, que é entretanto um mecanismo que também nos é
permitido e não o vamos descurar”, afirmou. O
sindicalista admitiu também pedir reuniões com os partidos com
representação na Assembleia da República e com os ministros da Defesa e
dos Negócios Estrangeiros, se não for encontrada uma solução para estes
trabalhadores.“Nós consideramos que para não haver uma atuação do Estado português só se for por desconhecimento desta situação”, frisou.Vítor
Silva alertou ainda para o aumento de contratações em regime de
‘outsourcing’ na base das Lajes, alegando que no futuro poderão estar em
causa os atuais 416 postos de trabalho com vínculo permanente.“Nós
tememos não só por estes 13 temporários, mas tememos que o regime de
‘outsourcing’ possa vir, passo a passo, a substituir todo o contingente
português ao serviço dos norte-americanos na base das Lajes e que desta
forma se perca a única contrapartida visível pela utilização da base das
Lajes, que são os postos de trabalho”, realçou.Em
2015 e 2016, mais de 400 trabalhadores portugueses da base das Lajes
assinaram rescisões por mútuo acordo, na sequência da redução do efetivo
norte-americano de 650 para 165 militares.A
administração norte-americana comprometeu-se a manter 417 postos de
trabalho para portugueses, dos quais 416 estão atualmente preenchidos
com contratos sem termo.