Sindicato alerta que greve na Atlânticoline vai durar o "tempo que tiver de durar"
10 de abr. de 2024, 17:23
— Lusa/AO Online
"Já se esgotaram todas
as situações. A administração não tem condições para negociar connosco.
Tem de vir outra pessoa. E o governo. A empresa é propriedade do
governo. Esgotaram-se todas as tentativas porque a administração quer
aquilo que não é possível", avisou o dirigente sindical Clarimundo
Batista em declarações à agência Lusa.O
alerta surge um dia depois de o presidente do Governo Regional
(PSD/CDS-PP/PPM) ter rejeitado "para já" qualquer intervenção do
executivo açoriano no processo negocial."Quando
a própria administração ou os sindicatos e o próprio governo no seu
juízo sobre a situação vir que é útil a sua intervenção, falo-á, mas,
para já, (a negociação) é no domínio da autonomia e independência da
administração de uma empresa do setor público com os representantes dos
seus trabalhadores", afirmou José Manuel Bolieiro aos jornalistas na
ilha do Faial.Esta quarta-feira, o Sindicato dos
Trabalhadores da Marinha Mercante, Agências de Viagens, Transitários e
Pescas (SIMAMEVIP) salientou que apenas estão a ser realizadas as
viagens de serviços mínimos e alertou que os trabalhadores da empresa
pública de transporte marítimo "não vão ceder"."A
greve vai demorar cinco meses, seis meses, vai demorar o tempo que
tiver de durar. Sendo certo, porém, que nós não vamos abdicar, nem vamos
levantar greve nenhuma", atirou.A greve
começou a 07 de março e chegou a ser suspensa a 19 de março devido às
negociações entre o sindicato e a administração, mas foi retomada e está
agora marcada por tempo indeterminado.O
sindicato reivindica aumentos salariais de 15% para os “maquinistas de
primeira”, valor que a administração da empresa considera
financeiramente incomportável.O dirigente
sindical defende que o aumento proposto pela empresa é, na prática, "de
apenas 6%", já que a atualização das tabelas salariais para os
trabalhadores da empresa já previa outros aumentos para o corrente ano."A administração está a fazer aqui um problema quando não existe problema nenhum", condenou Clarimundo Batista.Na
segunda-feira, a Atlânticoline comunicou que foram canceladas nove
viagens entre 01 e 07 de abril devido à greve que decorre desde 07 março
e às condições meteorológicas."O conselho
de administração da Atlânticoline continua empenhado na resolução deste
impasse, consciente dos graves constrangimentos que esta grave tem
causado", assinala a empresa pública em comunicado.Na
nota de imprensa, a Atlânticoline revela ainda a intenção de solicitar à
Secretaria Regional da Juventude, Habitação e Emprego a conciliação do
processo.A Atlânticoline transporta
anualmente quase meio milhão de passageiros e cerca de 30 mil viaturas,
sobretudo entre as ilhas do Triângulo (Faial, Pico e São Jorge), onde
opera todo o ano, com recurso a quatro embarcações (dois navios e dois
ferries).