Sindicato alerta para injustiças na correção da tabela salarial na base das Lajes
14 de nov. de 2022, 14:14
— Lusa/AO Online
“Havendo
uma atualização num dos níveis da tabela salarial, essa atualização tem
de se refletir nos diferentes escalões. As pessoas não podem ser
prejudicadas. Um trabalhador que vai entrar para a base numa situação de
contrato agora não pode ganhar a mesma coisa que um trabalhador que já
está lá há cinco, 10, 15 ou mais anos”, afirmou o coordenar da USAH,
numa conferência de imprensa, em Angra do Heroísmo, na ilha Terceira.Segundo
a USAH, que integra o Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias
Transformadoras, Alimentação, Bebidas e Similares, Comércio, Escritórios
e Serviços, desde 2021 que há trabalhadores portugueses ao serviço
das Feusaçores, na base das Lajes, na ilha Terceira, com salários abaixo
do salário mínimo regional.Em julho de
2022, a tabela salarial foi atualizada em 2,2%, mas esse aumento não foi
suficiente para que os níveis mais baixos da tabela superassem o
salário mínimo praticado nos Açores (740,25 euros).Os
escalões zero, um e dois do primeiro grau da tabela que abrange mais
trabalhadores têm salários abaixo desse valor, bem como o escalão mais
baixo do grau dois.A comissão laboral da
base das Lajes reúne-se na quinta-feira, mas o dirigente sindical disse
temer que a solução prevista crie injustiças.“O
que se pretende, na próxima reunião da comissão laboral, é fazer um
acerto e nivelar tudo para os 740,25 euros. Logo aqui está-se a cometer
uma situação de injustiça com todos os trabalhadores que estão no grau
um, mas no escalão um, dois e três”, alertou.Vítor
Silva defendeu que a adenda à tabela salarial deve contemplar “todos os
níveis da tabela” e deve ter “retroatividade a janeiro”, já que em
Portugal os aumentos ocorrem no início do ano, mas na base das Lajes são
aplicados apenas a partir de julho.“Não
me venham dizer que aqui também é por dificuldades financeiras da outra
parte, que a entidade patronal tem problemas financeiros”, ironizou.“O que nós verificamos é que trabalhadores com alguma qualificação preferem trabalhar fora da base das Lajes”, acrescentou.O
dirigente sindical insistiu na necessidade de revisão do acordo
laboral, para evitar que estas situações se repitam todos os anos.“Não
podemos estar constantemente numa situação de corrigir no imediato o
incumprimento norte-americano, é preciso ter uma visão estrutural e
resolver o problema de uma vez por todas”, apontou.Uma
das propostas do sindicato é a retoma do inquérito salarial, que
determinava as atualizações anuais dos vencimentos na base das Lajes.Até
2009, essa atualização tinha por base a média dos aumentos das maiores
empresas dos Açores, mas desde então que ficou estabelecido que seria
adotado o maior aumento da função pública em Portugal ou nos Estados
Unidos da América.Na prática, segundo
Vítor Silva, os norte-americanos têm seguido os aumentos da função
pública portuguesa, mas não contabilizam, por exemplo, o valor da
remuneração complementar atribuída aos funcionários da administração
pública regional.Para além da revisão da
tabela salarial, o sindicato defende a introdução de direitos laborais,
como a saúde e segurança no trabalho ou as licenças de maternidade e
paternidade, e reivindica a criação de um contingente mínimo de postos
de trabalho, o acesso à justiça e a criação de prazos de resposta na
resolução de conflitos laborais.“O acordo é
de 1995, está completamente ultrapassado. É possível manter, no
essencial, alguns aspetos, mas é fundamental corrigir outras situações”,
sublinhou.