Sindicato alerta para “atropelos laborais" que se intensificaram nos Açores
17 de jul. de 2020, 16:00
— Lusa/AO Online
"A direção do SITACEHT/AÇORES alerta para a
necessidade de ser preciso também agir no combate a outros vírus que aí
andam há décadas: o vírus dos baixos salários, da precariedade, da
exploração, do empobrecimento e das políticas que os alimentam", afirmou
o dirigente sindical Vitor Silva, numa conferência de imprensa em Ponta
Delgada, ilha de São Miguel.O sindicato
manifestou-se preocupado com a situação laboral nos Açores, dando conta
de despedimentos, cortes nos salários, perda de outras remunerações
(como o subsídio de refeição e transportes), "imposição de férias,
limitação ou impedimento no acompanhamento a filho, alteração unilateral
de horários e uma maior desregulação dos horários de trabalho".Há
também registo de "incumprimento de normas de higiene, saúde e
segurança no trabalho", além de "horas extraordinárias não remuneradas" e
"tantos outros atropelos laborais e arbitrariedades que se
intensificaram fortemente nestes últimos meses"."Falamos
em baixos salários. São cada vez mais os trabalhadores que auferem o
salário mínimo praticado na região e são cada vez mais os que estão em
situação de pobreza, empobrecendo a trabalhar", apontou Vitor Silva.O
sindicato exemplificou referindo que mensalmente, "em média, um
trabalhador açoriano recebe menos 110 euros do que os trabalhadores das
outras regiões do país".Além disso, sublinhou, "a taxa de pobreza e exclusão social nos Açores é de 36,7%, enquanto a taxa nacional é de 21,6%"."Em
2020, um trabalhador que recebe o salário mínimo garantido na região de
666,75 euros, depois dos 11% de desconto para a Segurança Social, leva
para casa 593,41 euros", afirmou, recordando que "o valor considerado
para o limiar da pobreza é de 501 euros".Vitor
Silva referiu-se à situação dos trabalhadores com contratos a prazo,
falsos recibos verdes ou falsos estagiários, trabalhadores à peça, à
hora ou de empresas de trabalho temporário ou ‘outsourcing’, em período
experimental e com outros vínculos precários que, respondendo a
necessidades permanentes, “têm na instabilidade e na incerteza do seu
posto de trabalho o quotidiano das suas vidas, o que torna a
precariedade num flagelo na região". "Horários
desregulados, turnos informados de véspera. Fins de semana com os
filhos que não há, porque são negadas as condições para a articulação da
vida profissional, pessoal e familiar. Limitação e negação de direitos
de maternidade e paternidade. Chantagens, pressões, represálias sobre
trabalhadores", apontou. Para o Movimento
Sindical Unitário Açoriano, "tempos excecionais exigem medidas
excecionais que protejam e reforcem os direitos e os rendimentos dos
trabalhadores”."Vamos continuar a luta
pela melhoria das condições de vida dos trabalhadores açorianos, pois
ela é condição essencial para uma região que se quer desenvolvida, de
progresso e justiça social", frisou, afirmando que os baixos salários
praticados em termos gerais nos Açores fazem com que muitos
trabalhadores no arquipélago sejam pobres, mesmo tendo um trabalho.O
SITACEHT/AÇORES anunciou que vai participar na quinzena de luta a nível
nacional, de 27 de julho a 7 de agosto, pela "reposição de todos os
direitos e por melhores salários".