Sindicato admite contestar tabelas salariais na base das Lajes em tribunal
9 de out. de 2023, 15:00
— Lusa
“Se a resposta da
comissão bilateral [entre Portugal e os Estados Unidos da América] for
negativa, vamos mesmo para a via judicial. É preciso começar a tratar
destes assuntos na via judicial, para que se perceba o que está em
causa”, afirmou o coordenador do SITACEHT/Açores, Vítor Silva, numa
conferência de imprensa em Angra do Heroísmo, na ilha Terceira.O
sindicalista revelou que há oito funcionários portugueses ao serviço
das Feusaçores (forças norte-americanas destacadas na base das Lajes) a
ganhar de vencimento base menos do que o salário mínimo praticado nos
Açores, fixado em janeiro nos 798 euros (mais 5% do que o salário mínimo
nacional).A situação arrasta-se desde
2021, mas as atualizações salariais feitas em julho de 2022 e julho de
2023, pelas Feusaçores, não resolveram o problema, segundo Vítor Silva,
apesar de o vice-presidente do Governo Regional, Artur Lima, ter dito,
em maio de 2023, que a tabela salarial tinha sido corrigida.“Se houve este compromisso, não é o conhecimento que nós temos”, adiantou.Em setembro de 2022, os trabalhadores apresentaram queixa ao seu superior hierárquico e posteriormente ao chefe de departamento.A
queixa chegou depois aos dois comandos da base das Lajes, português e
norte-americano, e à comissão laboral, mas a resposta “não foi favorável
à pretensão dos trabalhadores”, por isso foi enviada à comissão
bilateral permanente entre Portugal e os Estados Unidos, que se deverá
reunir em novembro na ilha Terceira.Vítor
Silva disse que as Feusaçores contabilizam diuturnidades e outros
subsídios para alegar que pagam acima do salário mínimo regional, mas
que, de acordo com o direito internacional, “os termos em que se
desenvolve uma relação de natureza laboral”, no que diz respeito ao
vencimento, “devem ser os que vigoram no local da prestação laboral”.“O
que se diz é que elas [trabalhadoras] não estão abaixo do salário
mínimo, porque estão a ser contabilizadas as diuturnidades, mas
chegou-se ao ridículo de que, a partir de janeiro, quem tem duas
diuturnidades vai ficar abaixo do salário mínimo, mesmo com 10 anos de
casa”, alertou.Segundo Vítor Silva, a solução apresentada passa pela criação de um bónus, que não abrange os trabalhadores já em funções.“Isto
cria uma discriminação para com os trabalhadores que já estão a exercer
funções. Um trabalhador que entre no dia 02 de janeiro de 2024 para a
base das Lajes vai ganhar 861 euros. Estas trabalhadoras que já estão há
10, 15 e algumas mais anos, mesmo tendo diuturnidades, ficam a ganhar
abaixo desses 861 euros. É inconcebível que a própria tabela salarial
preveja salários inferiores ao salário mínimo”, apontou.O
dirigente sindical adiantou que, atualmente, os dois primeiros escalões
da tabela estão abaixo do salário mínimo regional – o primeiro (673,11)
até abaixo do salário mínimo nacional –, mas que a partir de janeiro,
com o novo aumento previsto, serão absorvidos os três primeiros
escalões.“É urgente, é fundamental uma
revisão da tabela salarial na base das Lajes. Desde a eliminação do
inquérito salarial, tem sido um autêntico descalabro em relação aos
vencimentos dos trabalhadores da base das Lajes”, apelou.O
sindicato já solicitou reuniões aos partidos políticos e ao
vice-presidente do Governo Regional, representante dos Açores na
comissão bilateral, e vai solicitar uma reunião ao representante da
República para os Açores.“Isto é tão fácil
que eu acredito que em dois dias se consegue resolver esta situação. Se
houver boa fé e boa vontade, antes da comissão bilateral isto está
resolvido, de certeza absoluta”, salientou Vítor Silva.