Nasceu, em 1974, e veio para Portugal ainda antes de
completar o primeiro aniversário. Aos 8 anos começou a praticar equitação sem
adivinhar que a paixão havia de acompanhá-la até à idade adulta enquanto
designer do traje à portuguesa.
Apesar da boa média no ensino secundário (em 1992) a
não entrada no curso de arquitetura atirou-a para o novo curso da Faculdade de
Arquitetura da Universidade Técnica de Lisboa- Design de Moda- por influência
da mãe.
É principalmente para a Equitação de Trabalho que
Sílvia Teixeira cria peças fiéis ao traje tradicional feminino: “Nesta
modalidade, os atletas apresentam-se em prova vestidos com o traje tradicional
de equitação do seu país e, de preferência, também a sua montada, de raça de
cavalos natural da sua região. Portugal é o grande campeão desta modalidade e
com os seus Lusitanos, adquire fãs pelo mundo inteiro - montar um cavalo
Lusitano, trajado à Portuguesa, é um desejo e uma honra para muitos”, explica
Sílvia Teixeira.
A designer aliou, por isso, o talento ao estudo do
traje à portuguesa: “Depois de alguma pesquisa, apercebi-me que o traje
feminino, ao longo dos tempos, tinha perdido muitas das suas características
originais. Por esta razão, e como a época de origem deste traje (pelo menos a
de que há registo para este traje em específico), é precisamente uma das minhas
favoritas - final do séc. XIX e início do séc. XX - a Belle Époque - decidi
aprofundar a minha pesquisa e dedicar-me a esta área, redesenhando o traje
feminino”.
Entretanto surgiram alguns bons desafios que deram
grande visibilidade ao trabalho da artesã: o evento “Moda no Museu”, a convite
do Museu de Angra do Heroísmo, ao design e confeção, há 3 anos consecutivos,
dos trajes da Marcha Oficial das Sanjoaninas (em parceria com a amiga e colega
designer Sofia Silva), figurinos para teatro, o design e confeção de vestuário para
alguns clientes particulares, nomeadamente, e muito recentemente, o design e
confeção do vestido da cantora Sara Miguel para a tour do Bruma Project e ainda
um projeto a convite do Centro Regional de Apoio ao Artesanato para a
participação numa das residências criativas, que lhe permitiu desenvolver um
trabalho de parceria com artesãos do Pico e do Faial, ao nível do design de
peças com as tradicionais rendas.
Sílvia Teixeira está registada como
artesã mas garante que o atelier sobrevive unicamente do seu trabalho: “Apesar
de todas as ajudas e programas do Governo que existem destinadas a
empreendedores, eu como Designer de Moda e artesã certificada, com trabalho que
divulga a região a nível internacional e com um espaço arrendado no centro de Angra,
não sou elegível para esse tipo de apoios”.
“O meu trabalho consiste no design de vestuário e, na
maior parte das vezes, também na confeção das peças que desenho. Nas alturas de
mais trabalho, geralmente entrego a confeção das peças a costureiras da minha
confiança. Não faço confeção de peças que não tenham sido desenhadas por mim”,
garante Sílvia Teixeira que adianta, ainda, que no seu processo criativo “na
maior parte das vezes, o resultado final é diferente da ideia inicial. As
melhores ideias surgem sempre durante a confeção”.
A designer tem parceria com a plataforma online
Lusitano Horse Finder, dedicada à venda de cavalos Lusitanos e de produtos
associados à atividade o que lhe tem permitido dar a conhecer o seu trabalho além-fronteiras.
Recentemente Christine Jacoberger, (atual dona do Rubi, o reconhecido lusitano que
participou nos Jogos Olímpicos) usou um traje Sílvia T. Atelier na Feira da Golegã.
Questionada sobre as vantagens
e desvantagens da insularidade, Sílvia acredita que o facto de viver nos Açores
traçou-lhe este rumo: “No início foi muito difícil a adaptação à nova realidade
- deixar família, amigos e tudo aquilo a que se está habituado, nunca é fácil.
No entanto, a partir do momento que encontrei o meu caminho, tudo se tornou
melhor. Uma vez que não desenvolvo uma atividade típica de designer de
moda, ou seja, não tenho a obrigatoriedade de trabalhar com tendências de moda,
fábricas de confeção e lojas para distribuição do produto, visto que meu
trabalho é artesanal e muito específico, único na maioria das vezes, viver nos
Açores é muito bom. De momento, não me imagino a fazer outra coisa.”
Sílvia Teixeira tem atelier na Rua do Galo, em Angra
do Heroísmo, e garante que 2019 adivinha-se cheio de projetos e muito trabalho
numa viagem pela moda que começou a trote e que já começou a galopar.Fotos: Hugo Duarte,
Lena Saugen e Jean-Marie Mangen.