Setor imobiliário dividido sobre condicionamento de trânsito na Baixa de Lisboa
26 de fev. de 2020, 10:50
— Lusa/AO Online
Em declarações à agência Lusa, o presidente da
associação (APEMIP), Luís Lima, disse perceber “a bondade da medida” e a
intenção de melhorar a qualidade de vida dos residentes a nível
ambiental, mas considerou que “vai piorar a vida dos cidadãos a nível da
sua mobilidade”.“E isso pode ter
consequências para o setor imobiliário”, salientou, acrescentando que os
novos condicionamentos à circulação automóvel, previstos a partir do
verão, podem penalizar a procura.“Há quem
pense que vai valorizar a nível ambiental, mas eu acho que, colocando o
prato na balança, vai prejudicar mais a procura”, advogou.
A imobiliária Matriz Alfacinha, que trabalha há 30 anos no mercado
imobiliário, sobretudo com arrendamentos de longa duração, afirma que
esta medida “vai satisfazer uma vez mais os interesses
político-económicos e não os dos alfacinhas”.Numa
resposta escrita enviada à Lusa, a Matriz Alfacinha defende que haverá
um aumento da procura por parte dos turistas, notando que “o português
não pode nem quer viver no centro histórico”.Ainda assim, o tema não é consensual no setor. O
presidente executivo da consultora imobiliária JLL, Pedro Lancastre,
acredita que esta “é uma medida positiva” e que a médio/longo prazo
todos irão beneficiar dela.Especialmente
durante o período de obras “vai ser difícil” e os comerciantes serão
afetados, admitiu, mas depois os benefícios serão visíveis. “As
zonas pedonais acabam por atrair mais gente. As pessoas preferem andar
em zonas pedonais, de loja em loja. Numa primeira fase, o comércio
poderá ser ligeiramente afetado, mas a médio/longo prazo será muito
beneficiado”, reforçou.Também o
diretor-geral da Porta da Frente, outra das imobiliárias que trabalham
na Baixa Pombalina, está convicto de que a vida dos residentes será
melhorada, “desde que obviamente se mantenham os lugares disponíveis”
para os mesmos.Rafael Ascenso acredita que
possa haver “alguma valorização”, mas não prevê que “de repente haja
uma corrida a esse tipo de imóveis”.“Acho
que poderá ser positivo, mas não vejo que seja algo que vá de repente
despertar o interesse exacerbado por imóveis nessa região”, afirmou.O
presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina (PS),
apresentou em janeiro a nova Zona de Emissões Reduzidas (ZER)
Avenidas/Baixa-Chiado, que prevê que o trânsito automóvel nessa área
passe a ser exclusivo para residentes, portadores de dístico e veículos
autorizados, entre as 06:30 e as 00:00, a partir do verão.A
ZER abrange parte das freguesias de Santa Maria Maior, Misericórdia e
Santo António, sendo delimitada a norte pela Calçada da Glória, Praça
dos Restauradores e Praça do Martim Moniz, e a sul pelo eixo formado
pelo Cais do Sodré, Rua Ribeira das Naus, Praça do Comércio e Rua da
Alfândega.Esta zona de emissões reduzidas é
delimitada a nascente pela Rua do Arco do Marquês de Alegrete, Rua da
Madalena e Campo das Cebolas, e a poente pela Rua do Alecrim, Rua da
Misericórdia, Rua Nova da Trindade e Rua de São Pedro de Alcântara.