"Setor do desporto está cansado das promessas dos sucessivos governos"
15 de mai. de 2024, 11:55
— Lusa/AO Online
"O
setor está cansado de promessas que não passaram de meras palavras de
circunstância e da falta de vontade política demonstrada pelos
sucessivos governos para resolver os problemas do setor”, resumiu Daniel
Monteiro, presidente da CDP, que foi recebido na comissão parlamentar
da Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto.As
grandes propostas estruturais prendem-se com a criação de um plano
estratégico para a década, um novo modelo de financiamento do desporto
nacional, o pedido de mais educação física no primeiro ciclo de
escolaridade, a sugestão de mais desporto no serviço público de rádio e
televisão e a criação de um ministério do desporto.Num
dos temas que mais preocupa as entidades que a compõem, a CDP entende
que o financiamento do desporto “está totalmente desajustado da
realidade federativa atual, promovendo injustiças entre federações e a
desregulação dos critérios definidos por lei”. O
dirigente referiu que essa questão “é um problema de base” do desporto
nacional, entendendo que se trata de “um setor que tem sido cronicamente
subfinanciado ao longo das décadas e com investimento mal distribuído”.No
documento é feita ainda uma análise da “realidade” do desporto, carente
de “reformas estruturais”, o que explica que apenas cerca de 7% dos
portugueses praticassem desporto em 2019, no periodo pré-pandemia de
covid-19, número baixo para os padrões europeus e parcialmente explicado
pelo facto de o Estado “ter deixado o movimento associativo à sua
sorte”.Outra parte do relatório foca-se
nas consequências da ausência de uma política desportiva, que vão desde
fragilidades competitivas internacionais a questões de saúde, como um
sobrepeso muito disseminado na população.Apontando
uma “elevada iliteracia desportiva” no país, a CDP salienta “o ritmo
lento de crescimento do desporto em Portugal”, em contraciclo com o
resto da Europa.“O desporto tem enorme
relevância na sociedade e na vida comunitária, enquanto vetor de
promoção da saúde e exercício físico, e na promoção de relações sociais e
humanas alicerçadas na ética e valores do espírito desportivo”, aponta o
dirigente.A CDP pediu aos deputados uma
“reflexão” sobre o desporto e “as bases estruturais programáticas que
deverão reger o setor ao longo da próxima legislatura”.“Queremos e precisamos de mais e melhor desporto”, concluiu o documento apresentado pela CDP.