Serviços técnicos para eventos apelam à intervenção de Marcelo após inação do Governo
25 de ago. de 2020, 16:00
— Lusa/AO Online
“Porque o senhor Presidente da República é a
voz que nos resta, é aquele a quem nos falta recorrer depois de todas as
portas fechadas, porque confiamos no seu humanismo e no seu compromisso
para com todos os portugueses e portuguesas, vimos por este meio
solicitar uma audiência com caráter de urgência, que nos receba para que
lhe possamos descrever condignamente o real estado do setor e partilhar
quais as medidas que consideramos fundamentais para garantir a
sobrevivência das nossas empresas”, lê-se numa carta enviada a Marcelo
Rebelo de Sousa.Segundo a associação,
trata-se de “um grito de mais de um milhar de postos de trabalho, um
grito de profissionais que querem trabalhar, mas que sabem que a retoma
não pode ser realizada de forma apressada, ao mesmo tempo que não têm à
vista qualquer solução da parte de nenhuma instituição estatal para o
grave problema de liquidez que enfrentam”.“A
nossa situação é desesperante”, sustenta, apontando “quebras de
atividade na ordem dos 80%” devido à crise gerada pela pandemia de
covid-19 e adiantando que, se “93% das empresas associadas não
despediram até à data”, o facto é que “60% recorreram ao ‘lay-off’ e
56% não têm dinheiro para pagar os salários de agosto e setembro”.Após
ter promovido no passado dia 11 uma ação de sensibilização e protesto
em Lisboa, depositando no Terreiro do Paço as ‘flight cases’ (onde
normalmente transportam o equipamento com que trabalham) e permanecendo
em silêncio no local durante duas horas, as empresas do setor dizem “não
ter tido respostas efetivas da parte do Governo” e receiam “cair no
silêncio para sempre”.“Queremos ser parte
da reabertura do país, queremos dar tudo o que temos para que economia
avance, queremos estar na linha da frente a iluminar os grandes e
pequenos eventos e proporcionar a alegria daqueles que a eles assistem”,
sustentam.Salientando que “um dia tudo
será como já foi e as empresas deste setor precisarão de voltar a fazer
acontecer” e de “contribuir para valorizar a marca Portugal
além-fronteiras”, a APSTE escreve na missiva: “Um dia voltará a ser
necessário iluminar os palcos, os congressos, os estádios, os eventos.
Temos como mote a frase ‘Estivemos sempre presentes!’, por isso, senhor
Presidente da República, apelamos que nos ajude a poder dizer nesse dia –
o da retoma em pleno – ‘Estamos aqui novamente e estaremos sempre!’”.A
APSTE foi fundada em junho de 2020, no seguimento da criação do
Movimento Cancelado, face à “necessidade de o setor se organizar para
garantir maior representatividade perante as entidades competentes”. A
associação passou assim a reunir as empresas de serviços técnicos para
eventos que, até então, “estavam dispersas e sem grande peso no
mercado”, possuindo atualmente “mais de 170 empresas associadas”,
representativas de “um volume de faturação superior a 140 milhões de
euros e de mais de 1.500 postos de trabalhos diretos e cerca de 3.000
indiretos” em 2019.No passado dia 11, a
secretária de Estado do Turismo disse à agência Lusa que o Ministério da
Economia já tinha uma proposta de orientações para o funcionamento do
setor dos eventos, que é “muito complexo” por envolver várias áreas de
atividade.Rita Marques explicou que esta
área inclui segmentos ligados aos congressos e outros e, “tendo em conta
que até ao momento a Direção-Geral da Saúde (DGS) ainda não definiu
orientações específicas para a organização de eventos”, o Ministério da
Economia “tem vindo a trabalhar para aclarar e interpretar os princípios
e orientações aplicáveis aos eventos corporativos”, sendo que esta área
está praticamente parada devido à covid-19. Segundo
indicou, em causa estão “reuniões, congressos, exposições, feiras
comerciais, seminários, toda uma panóplia muito grande de eventos que
pode ser organizada por entidades públicas e privadas a colaboradores da
própria instituição organizadora ou abertos ao público"."Entendemos
que devem começar a migrar paulatinamente para uma nova normalidade e
daí a nossa necessidade de trabalhar nestes princípios e orientações
aplicadas que é justamente uma das grandes reivindicações dos operadores
económicos”, referiu, acrescentando que no Ministério da Economia já há
“uma proposta que está em discussão com as várias secretarias de
Estado".“Já temos uma proposta de despacho
interpretativo para o qual estamos a tentar reunir o máximo de consenso
possível. É um assunto complexo, dada a disparidade das atividades
económicas que estão aqui em causa”, indicou.Rita
Marques garantiu ainda que a linha de crédito para os organizadores de
eventos, no âmbito do Programa de Estabilização Económica e Social, está
praticamente concluída, faltando apenas “enquadramento orçamental”.Também
no dia 11, foi publicado o decreto-lei que permite que as empresas
desta área possam reaver o IVA em despesas relativas à organização de
eventos. A pandemia de covid-19 já
provocou pelo menos 809 mil mortos e infetou mais de 23,4 milhões de
pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela
agência francesa AFP.