Serviço público da RTP "é dos mais baratos da Europa"
17 de out. de 2024, 16:01
— Lusa/AO Online
Alberto Arons de Carvalho
falava na comissão parlamentar de Cultura, Comunicação, Juventude e
Desporto, no âmbito dos requerimentos dos grupos parlamentares do PCP,
do PS e do Livre para ouvir o CGI da RTP sobre o Plano de Ação para a
Comunicação Social anunciado pelo Governo."A
RTP e o serviço público que presta é o dos mais baratos da Europa, não
apenas em valor absoluto, mas em percentagens 'per capita'", afirmou,
dando alguns exemplos.As famílias
britânicas "pagam cerca de 173 euros por ano para financiar a BBC, cinco
vezes mais do que as portuguesas" e os suíços pagam uma taxa
audiovisual "que é 10 vezes superior à taxa portuguesa", tendo votado
favoravelmente num referendo a favor do pagamento da mesma, apontou
Arons de Carvalho.Outro exemplo é o da
espanhola RTVE, que "tem um custo de cerca de 1.100 milhões de euros por
ano, ou seja, praticamente seis vezes mais do que o custo da RTP",
prosseguiu.Durante a sua audição, o membro
do CGI referiu que "há muitos serviços, programas que a RTP oferece que
apenas existem porque estão na RTP, no serviço público".Tal "não seria possível, por exemplo, uma RTP2, uma Antena2 viabilizada apenas por receitas publicitárias". Aliás,
"duvido que fosse comercialmente rentável um canal das regiões
autónomas dos Açores e da Madeira apenas subsidiados pelas receitas
comerciais, e o mesmo com os canais internacionais África e
Internacional", enfatizou.Por isso, o
corte nas receitas da RTP "sem uma alternativa conhecida provoca um
gigantesco e preocupante ponto de interrogação em relação a muitos
destes serviços", advertiu.O plano do
Governo para os media prevê o fim gradual da publicidade na RTP, durante
os próximos três anos, até 2027, apontando que esta deverá ser
compensada com espaços de promoção e eventos culturais.Está
prevista a redução de dois minutos/hora em 2025 e 2026 e eliminação
total em 2027, com um custo estimado total de 20 milhões de euros. O
impacto da redução de receita na RTP será de cerca de 6,6 milhões de
euros por ano, ao longo de três anos, segundo o plano. Arons
de Carvalho defendeu que a "RTP precisa de meios para renovação
tecnológica, para investimentos nos centros de produção em vários pontos
do país".A empresa "está equilibrada
financeiramente [tem resultados positivos há 14 anos], mas isso não
invalida que a RTP não tenha necessidade de uma atenção redobrada por
parte do Estado, do poder político, sobre as necessidades que tem sobre
as suas condições", rematou.O CGI foi criado em 2014, quando Miguel Poiares Maduro tutelava a área dos media.Trata-se
de um órgão de supervisão e fiscalização interna do cumprimento das
obrigações de serviço público de rádio e televisão previstas no Contrato
de Concessão assinado entre a RTP e o Estado, cabendo-lhe escolher o
Conselho de Administração e respetivo Projeto Estratégico para a
empresa, bem como definir as linhas orientadoras às quais o mesmo
projeto se subordina, segundo a lei.O Conselho Geral Independente é composto por seis elementos: um presidente e cinco vogais.Atualmente,
o órgão é presidido por Leonor Beleza, e conta com Alberto Arons de
Carvalho, Ana Margarida de Carvalho, Isabel Medina, Isabel Pires de Lima
e Vítor Caldeira.