Serrão Santos diz que algo “muito grave” aconteceu com o Titan
22 de jun. de 2023, 15:31
— Lusa
"Não
estou nada otimista em relação a esta situação. Os submersíveis não
foram feitos para ficar no fundo, descem por gravidade e sobem por
flutuação. Esta perda de comunicações é grave. O submersível tem que vir
à superfície e, se não veio, é porque algo de muito grave aconteceu”,
afirmou o ex-ministro do Mar e docente da Universidade dos Açores (UA),
que já realizou mergulhos em submersíveis científicos, como o Nautile,
de França, os MIR da Rússia e o Lula, ao serviço da UA.O
submersível Titan, da empresa Ocean Gates Expeditions, desapareceu no
Atlântico norte no domingo com cinco pessoas a bordo quando descia para
uma visita turística aos destroços do Titanic, que se encontram a cerca
de 3.800 metros de profundidade.A operação
de busca e salvamento para encontrar e recuperar o submersível entrou
hoje numa fase crítica porque as reservas de oxigénio estarão a
esgotar-se. Ricardo Serrão Santos disse à
Lusa que a construção do Titan é experimental, integrando “novas
engenharias e materiais”, e que já tinha suscitado “vários alertas",
apesar de "toda a tecnologia de submersíveis que existe no planeta ser
já bastante consistente”.O investigador,
sublinhou que "já é possível ir com segurança" ao ponto mais profundo
dos oceanos, a cerca de 11 mil metros de profundidade, “onde há
'turismo' e há pelo menos três submersíveis que desenvolvem estas
operações”, adiantando que “o interesse do mergulho turístico não é novo
nos Açores, havendo publicidade de empresas canadianas, e não só, sobre
o mergulho nas fontes hidrotermais e montanhas submarinas do
arquipélago desde há muito anos”.A Ocean
Gates Expeditions tinha programada para maio de 2024 uma expedição
turística nos Açores, para observar fontes hidrotermais, segundo o
programa de expedições da empresa.O
cineasta James Cameron, realizador do filme Titanic, fez, já depois do
filme, 33 mergulhos até aos destroços do navio afundado em 1912 e em
2012 tornou-se a primeira pessoa a fazer um mergulho a solo até ao ponto
mais profundo dos oceanos, a fossa Challenger, no Pacífico.Ricardo
Serrão Santos, que realizou mergulhos com James Cameron nos Açores,
afirmou hoje que o caso do submersível Titan "vai permitir melhorar, no
futuro, as condições e a tecnologia, bem como criar mais exigência".