Série documental procura luso-americanos para mostrar multiculturalidade nos EUA
9 de ago. de 2020, 10:57
— AO Online/ Lusa
"A fusão da sociedade moderna com as tradições de há séculos é algo que quero explorar", disse à Lusa a realizadora."A ideia é levar os americanos que não são emigrantes ou não têm história e cultura além da americana a reconhecerem e aceitarem as dificuldades e a beleza das culturas duais”, acrescentou.A série vai debruçar-se sobre uma comunidade diferente por episódio, e no caso dos luso-americanos, o plano é acompanhá-los à zona de onde as suas famílias emigraram."Seria uma semana em Portugal, sete a 10 dias de produção", disse Barone, acrescentando que a ideia é contratar equipas técnicas locais."Seria bom falar com académicos das universidades em Portugal e com oficiais do governo sobre a diáspora lusa, sobre as diferenças sociológicas que as pessoas enfrentam tendo crescido em Portugal e depois emigrado", explicou Barone, "e como os luso-americanos estão a criar mudanças positivas no mundo por causa da sua herança multicultural".O plano será ainda passar tempo com as suas famílias e falar com empresários sobre as tendências observadas, seguindo um formato de parcerias com empresas locais."A publicidade internacional nunca prejudicou ninguém", disse.Alexis Barone participou na gala do Conselho de Liderança Luso-americano (PALCUS) em 2019 e a organização está a ajudar na promoção da pesquisa inicial conduzida pela realizadora, que inclui um questionário sobre identidade e herança étnica."Gostei muito da gala da PALCUS e de como as pessoas são calorosas e a história é rica", afirmou Barone, notando a falta de conhecimento que existe na sociedade norte-americana sobre os portugueses e outras regiões do mundo.Uma das questões que Alexis Barone quer explorar é se os sujeitos em foco na série se consideram americanos ou americanos com hífen, isto é, só americanos ou luso-americanos, no caso da comunidade portuguesa."Queremos encontrar pessoas com histórias interessantes", disse a realizadora, que concebeu a ideia da série quando percebeu as noções pré-concebidas com que o seu parceiro bielorrusso era constantemente recebido."O objetivo desta série documental é explorar as heranças dos americanos multiculturais e destruir os preconceitos subconscientes que os americanos com uma só cultura têm", descreveu.A realizadora, que tem ascendência filipina, italiana, alemã e irlandesa, sublinhou que ainda existe um estigma quando as pessoas falam com sotaque ou não parecem brancas."Por vezes, ter duas heranças é uma batalha identitária que só piora com os preconceitos invisíveis" das outras pessoas, disse.Barone mencionou também a influência da sua própria jornada de descoberta e que é uma tendência forte na geração Millennial, ao contrário das gerações anteriores."Parte do motivo pelo qual isto é tão importante para mim é que a minha avó é das Filipinas mas eu não sei falar tagalogue", disse, referindo que era comum os emigrantes não passarem as línguas maternas aos descendentes para acelerarem a assimilação.A realizadora, que tem a produtora Mountain Mist Media, está a desenvolver um ‘sizzle’ (vídeo promocional) para levar a canais e cadeias de ‘streaming’, embora admita que a pandemia de covid-19 torna um calendário de produção e filmagens difícil de planear.Ainda assim, Barone referiu que "muitos streamers e empresas de produção continuam a comprar, mesmo nesta situação, e a quererem pôr as mãos em conteúdos".A sua intenção é começar as filmagens no verão de 2021.