SEP considera vergonhoso acordo alcançado com plataforma de sindicatos de enfermeiros
24 de set. de 2024, 10:07
— Lusa/AO Online
Em declarações à Lusa no
arranque da greve de dois dias convocada pelo SEP, o presidente da
estrutura sindical, José Carlos Martins, disse que, embora o texto do
acordo ainda não seja conhecido, “pelas declarações da senhora ministra o
acordo é uma vergonha”.“O Ministério da
Saúde deve um monte de dinheiro aos enfermeiros dos retroativos de 2018 a
2022 e, agora, usa esse dinheiro de dívida não paga para uma eventual
valorização, ainda que insuficiente, da grelha [salarial], faseadamente,
durante três ou quatro anos”, afirmou.O
responsável acrescentou que, “sendo
importante a valorização dos enfermeiros através da grelha salarial, há
muitas outras questões que importa resolver”, dando o exemplo da
compensação do risco e penosidade da atualização dos enfermeiros
especialistas.Lembrou que o SEP aguarda
que o ministério reagende a reunião nos termos do protocolo negocial que
foi estabelecido com o sindicato e que, nessa reunião, o Governo
“apresente o pacote de soluções para o conjunto dos problemas“.“Mesmo
na grelha [salarial], o que está a ser anunciado tem uma enormíssima
opacidade”, considerou o responsável, acrescentando: “não vamos admitir
que os enfermeiros sejam discriminados quando iniciam a sua atividade
face aos demais profissionais de saúde”.O
SEP defende ainda um encurtamento das posições remuneratórias, uma
“efetiva valorização” dos enfermeiros especialistas, cuja grelha
salarial é igual à do enfermeiro, apesar do investimento de 18 meses na
formação “com competências especializadas que têm impacto na melhoria de
cuidados prestados”.Lembrando que o SEP
“não conhece com rigor o acordo alcançado” na segunda-feira com a
plataforma de cinco sindicatos, José Carlos Martins considerou-o
“vergonhoso” e disse que o SEP não assinaria um acordo “com o conteúdo
que está a ser divulgado”.O Ministério da
Saúde chegou a acordo na segunda-feira com a plataforma de cinco
sindicatos que inclui o Sindicato dos Enfermeiros (SE), o Sindicato
Independente de Todos os Enfermeiros Unidos (SITEU), o Sindicato
Nacional dos Enfermeiros (SNE), o Sindicato Independente Profissionais
Enfermagem (SIPENF) e o Sindicato Democrático dos Enfermeiros de
Portugal (SINDEPOR).Segundo disse a
ministra da Saúde, o acordo prevê um aumento salarial de cerca de 20%
até 2027, que começará a ser pago em novembro deste ano.“Globalmente,
é um aumento acima dos 20% e o valor mínimo de aumento será, até 2027,
de 300 euros”, afirmou Ana Paula Martins aos jornalistas, à margem da
inauguração da nova sede da Ordem dos Farmacêuticos, em Lisboa.Depois
de referir que o acordo inclui vários aspetos relativos à progressão na
carreira, a ministra da Saúde afirmou também que, “pela primeira vez”,
um Governo vai iniciar uma negociação com os sindicatos com vista a um
Acordo Coletivo de Trabalho para a profissão.