Autor: Lusa/AO Online
“A festa do Senhor Santo Cristo da Caldeira, que acontece sempre no primeiro domingo de setembro, traz imensa gente aqui à Caldeira do Senhor Santo Cristo”, disse à agência Lusa o padre Dinis Silveira, pároco na ilha açoriana de São Jorge.
Segundo o sacerdote, a festividade anual que se realiza na pequena localidade que pertence à freguesia de Ribeira Seca, no concelho da Calheta, começou na segunda-feira, “com o tríduo de preparação para a festa”, onde as pessoas se confessam, há oração do terço e celebração da missa.
Na quinta-feira, começa também a parte profana da festa e, depois, no fim de semana, “a ilha cai em peso” na Fajã da Caldeira do Santo Cristo.
Entre os devotos estão pessoas que se deslocam das ilhas vizinhas (Pico e Faial), “de maneira que é uma festa bastante participada”.
A festa do Senhor Santo Cristo da Caldeira “é a grande festa do fim do verão” em São Jorge, disse, indicando que a igreja local é também santuário diocesano e igreja jubilar.
Na localidade vivem em permanência “entre oito a dez pessoas”, mas nesta altura do ano os visitantes são muitos.
“As pessoas preparam-se, também recebem familiares e amigos aqui na Caldeira. São dias muito intensos, dias muito bonitos. Aqueles que vivem na Caldeira recebem aqueles que vêm lá de fora. A Caldeira torna-se um pouco uma pequena grande aldeia aqui em São Jorge”, relatou o sacerdote.
E continuou: “De facto, é um sítio extraordinário, onde só se consegue chegar ou de moto quatro ou então a pé, porque o carro fica a quatro quilómetros aqui da Caldeira, e é preciso fazer o trilho. É um sítio absolutamente extraordinário, tocado pela mão de Deus. A natureza é lindíssima […]. É, de facto, um sítio extraordinário e a população vive nestes dias com muita alegria”.
Dinis Silveira adiantou ainda à Lusa que, a partir de quinta-feira, “grupos imensos de pessoas” encaminham-se para o local a pé, para pagarem promessas, sendo que alguns devotos caminham descalços, e outros levam gado, que é depois leiloado no domingo de manhã, na festa”.
“Isso é uma coisa absolutamente incrível”, admitiu o sacerdote, que participa e colabora na celebração festiva há oito anos.
Na sua opinião, a festa “é um marco, tanto na parte religiosa, como também na parte social” da ilha açoriana de São Jorge.
Segundo o sítio Igreja Açores, o Núncio Apostólico nos Camarões e Guiné Equatorial, José Avelino Bettencourt, natural da ilha de São Jorge, preside este ano à festa do Senhor Santo Cristo da Caldeira.
O programa das festividades também contempla a realização de um almoço comunitário, no sábado, que inclui a partilha das tradicionais sopas.
O local, que em julho recebeu a Aldeia da Esperança, promovida pelo Grupo Coordenador do Jubileu da Diocese de Angra, com a participação de cerca de 300 jovens, também voltará a contar com a presença da juventude.
A devoção ao Senhor Santo Cristo da Caldeira “remonta a uma lenda local, segundo a qual a imagem teria sido encontrada por um pastor a flutuar numa lagoa”, de acordo com o portal Igreja Açores.
“Repetidamente levada para o povoado, regressava sempre, de forma misteriosa, ao lugar da fajã. ‘O Santo Cristo quer estar lá em baixo na caldeira’, terá dito a população, dando origem a um culto que atravessou séculos e continua a marcar a identidade espiritual da ilha”, concluiu.
A
festa religiosa do Santo Cristo é celebrada em várias ilhas dos Açores
(São Miguel, Santa Maria, Graciosa, São Jorge e Flores), no continente e
na diáspora.