Senadores democratas preocupados com fim da lei que facilita expulsões
Migrações
29 de nov. de 2022, 12:06
— Lusa/AO Online
Numa carta
dirigida ao secretário de Segurança Interna dos Estados Unidos,
Alejandro Mayorkas, além de manifestarem a preocupação com a eventual
suspensão da lei conhecida como Título 42, os democratas também
solicitaram que este explique como é que o Governo se preparou para este
momento.A administração liderada pelo
democrata Joe Biden anunciou na semana passada que ativou um plano
para suspender o Título 42, depois de um juiz federal ter dado ao
Departamento de Segurança Interna (DHS, em inglês) um período de cinco
semanas para suspender a regra.Os
senadores democratas manifestaram a sua "profunda preocupação com o
impacto repentino que a decisão de 14 de novembro (...) poderia ter
sobre comunidades fronteiriças, ONG, trabalhadores do DHS e migrantes".Este
grupo de senadores, onde se incluem Kristen Sinema e Mark Kelly, do
Estado fronteiriço do Arizona, pediram a Mayorkas que respondesse a
várias perguntas sobre a preparação do seu departamento, incluindo como a
agência vai garantir que haja recursos suficientes dedicados ao
patrulhamento da fronteira para "intercetar indivíduos" que tentam
atravessar irregularmente.Solicitaram
também a explicação sobre a forma como se está a apoiar e garantir que
ONG e governos locais têm recursos suficientes para lidar com a chegada
de migrantes.Os democratas citam ainda na
carta um memorando escrito em abril pelo próprio Mayorkas, no qual o
governante antecipa que "os níveis de migração [para os EUA] aumentarão"
quando o Título 42 for suspenso.Na semana
passada, quinze estados ‘Republicanos’ apresentaram num tribunal
federal dos Estados Unidos um pedido para a manutenção da medida
sanitária usada desde 2020 para controlar o fluxo na fronteira
terrestre, devido à propagação da covid-19, conhecida como Título 42.Quando
esta regulamentação sanitária instituída pelo ex-presidente
norte-americano Donald Trump (2017-2021) for suspensa, será aplicado o
Título 8, que permite aos migrantes solicitar asilo nos portos de
entrada e dá ao Governo o poder de deportar e até aplicar sanções a quem
não cumprir os requisitos e for considerado inadmissível.Os
planos da administração liderara por Joe Biden incluem medidas para
reduzir os tempos de processamento, aplicar sanções a quem cruza a
fronteira ilegalmente e trabalhar com os governos da região, incluindo o
México, para lidar com os traficantes de pessoas.Na
semana passada o Governo de Joe Biden também anunciou que está em
negociações com governos da região para poder deportar venezuelanos para
países terceiros.O juiz Emmet Sullivan, do distrito de Columbia, emitiu uma decisão em que
força o Governo a terminar com o Título 42, considerando esta medida
“arbitrária e caprichosa”.O Título 42 tem origem numa lei do século XIX destinada a impedir a "introdução" de doenças contagiosas nos EUA.A
principal diferença entre os regulamentos é que o Título 8 obriga as
autoridades a transferir os indocumentados para centros de detenção
durante várias horas onde podem pedir asilo, enquanto o Título 42
permite que a deportação seja resolvida em 15 minutos e sem espaço para
asilo.A decisão do juiz não derrubou
apenas uma das últimas barreiras remanescentes contra a imigração,
imposta por Trump, mas também desafiou o Governo Biden num momento em
que se registam apreensões recorde de imigrantes indocumentados na
fronteira com o México.Só em outubro
ocorreram 230.000 detenções na fronteira EUA-México, com mais de 78.400
expulsões desde o território norte-americano.Através do Título 42, os EUA expulsaram mais de 2,5 milhões de migrantes, de acordo com dados do International Rescue Committee.