Senador democrata Joe Manchin anuncia voto contra pacote social de Joe Biden
20 de dez. de 2021, 12:52
— Lusa/AO Online
Manchin,
o político mais conservador na ala democrata do Senado, disse ao canal
Fox News que não pode “votar para que prossiga esta legislação”, apesar
de ter “tentado tudo o humanamente possível” para que fosse aprovado. “[O
Presidente Biden] conhece as preocupações e os problemas que tive”,
indicou Manchin, que desde o princípio se mostrou muito cético com esta
medida da Casa Branca, ao considerar que vai disparar a despesa pública e
aumentar uma inflação já muito elevada. Este
pacote, no montante de 1,75 biliões (milhão de milhões) de dólares
(1,55 biliões de euros), prevê, entre outros pontos, apoios à família e
financiamentos copiosos para reduzir as emissões de gases com efeito de
estufa, mas tem estado bloqueado no Congresso desde há meses. Apenas
uma horas após ter sido conhecida a decisão do senador, a secretária de
imprensa do Governo norte-americano, Jen Psaki, emitiu um duro
comunicado contra Manchin, ao acusá-lo de quebrar “o seu compromisso com
o Presidente e com os seus colegas da Câmara dos representantes e no
Senado”. “Os seus comentários representam
um retrocesso repentino e inexplicável da sua posição”, apontou Psaki,
ao assegurar que o senador tinha prometido a Biden durante uma visita à
sua casa em Delaware o apoio ao plano social e que se comprometeu
“várias vezes” a negociar os últimos detalhes. O
plano de Biden, aprovado à justa pela Câmara dos representantes numa
votação em novembro, representa um histórico aumento da despesa pública –
já foi comparado com o “New Deal” do ex-Presidente Franklin Delano
Roosevelt na década de 1930 –, em particular nas áreas da saúde, pobreza
infantil e combate às alterações climáticas. O
voto de Manchin, que apesar de filiado no Partido Democrata representa a
Virgínia Ocidental, um dos estados mais conservadores do país, é
imprescindível para garantir a aprovação da legislação pelo Senado,
dividido em 50% entre democratas e republicanos. Os
democratas pretendiam aprovar o plano sem a necessidade de apoios
republicanos – todos os senadores conservadores se manifestaram contra –
através de um processo conhecido como “reconciliação”, que permite a
aprovação de uma lei orçamental na Câmara alta (Senado) por maioria
simples, ao contrário dos 60 votos que normalmente são expressos nas
votações.