Seminário de Angra não recebeu nenhum candidato a padre
20 de set. de 2021, 15:03
— Luís Pedro Silva
As
atividades letivas do Seminário vão começar amanhã, com 14 alunos. Num
ano que fica marcado pela ausência de jovens que pretendem seguir a vida
de sacerdócio. “Não há entradas, o que é uma noticia triste. É a
primeira vez desde que sou reitor que não há entradas, mas essa situação
também pode ser uma oportunidade para refletirmos e fazermos com a que a
diocese se envolva mais na pastoral vocacional; o trabalho não é nem
pode ser só do Seminário”, revela o reitor do Seminário, padre Hélder
Miranda Alexandre, em declarações ao portal Igreja Açores.Ao longo
dos últimos anos foram ordenados diversos padres, formados no Seminário
de Angra, mas no final deste ano letivo não se vai registar nenhuma
ordenação. “Temos tido muitas ordenações, mas no final do ano letivo
não haverá nenhuma. É preciso pensar no amanhã e existe uma necessidade
evidente de um maior dinamismo e envolvência do trabalho nas paróquias e
famílias”, assinala o reitor do Seminário.O padre Hélder Miranda
Alexandre alerta para a necessidade de existir um maior acompanhamento
dos jovens, com vocação natural para o sacerdócio, com o objetivo de
apelar a uma maior participação na Igreja. “Infelizmente não estamos
sozinhos e temos visto – ainda agora na formação de formadores de
seminários - que os problemas da formação e os desafios da formação
sacerdotal são sérios e profundos. O acompanhamento dos jovens
candidatos ao sacerdócio tem de ser muito sério e personalizado de forma
a despertarmos nestes rapazes sentido de comunidade, uma sólida
formação humana, pastoral e cientifica”, adianta.O reitor do Seminário considera ser necessário refletir sobre a ausência de candidatos ao Seminário de Angra. “Todos
os dias nos pomos em causa para melhorar. As questões que se levantam
na falta de vocações e na formação dos novos sacerdotes são complexas e
devem ser debatidas, mas os problemas que temos, aqui nos Açores , são
transversais”, vinca o padre Hélder Miranda Alexandre.Também a
pandemia da Covid-19 contribuiu para limitar o encontro e comunicações
com jovens, porque impediu a realização da Semana dos Seminários e
outros encontros vocacionais.“A pandemia e a consequente limitação
dos encontros presenciais constituíram um constrangimento assinalável ,
mas agora que poderemos ir retomando alguma normalidade poderemos
também refletir e agir de outra forma”, sublinhou.Nova formaçãoArranca na terça-feira o acolhimento de 14 seminaristas que vão frequentar o Seminário de Angra. Este ano, pela primeira vez, nove sacerdotes, recentemente ordenados, vão iniciar um ciclo de dois anos de formação. São
os primeiros padres ordenados obrigados a cumprir dois anos de formação
permanente no Seminário, frequentando três períodos de formação por
ano.De 21 a 23 de setembro, os nove padres ordenados nos últimos
dois anos vão estar no Seminário para aprofundarem a sua formação
pastoral numa área especifica que é o luto.“A pandemia veio trazer
novas questões desde os funerais solitários ao acompanhamento das
famílias enlutadas ou a morte de jovens, que são questões muito
pertinentes na vida de um padre. Dar-lhes ferramentas adequadas para
lidar com estas situações é fundamental”, indicou o Reitor do
Seminário, padre Hélder Miranda Alexandre.Este vai ser “um momento
de reencontro e de partilha para que não percam o sentido de comunidade,
que às vezes, nos afazeres do dia-a-dia, pode perder-se” afirma o
sacerdote.Além da formação dos jovens padres, também no inicio do
ano letivo arrancará, pela primeira vez, o curso sistematizado de quatro
anos para a formação de diáconos permanentes.“Vamos fazer o que já
se faz noutras dioceses. Trata-se de um trabalho em que o nosso Bispo se
tem empenhado e vamos ter oito candidatos, a maioria de São Miguel”.
Dada a dispersão geográfica e o facto dos candidatos serem de várias
proveniências, o curso vai ser feito on-line, com os professores do
Seminário , mas “estão previstos momentos de encontro presencial”.“São
pessoas com experiência de vida, envolvidas nas paróquias, gente bem
formada, com estabilidade e , por isso, acredito que seja uma
experiência e um projeto que pode dar muitos frutos” adianta o padre
Hélder Miranda Alexandre.A formação de diáconos é considerada muito importante para encontrar e encaminhar jovens com vocação para o sacerdócio. “Estou
otimista com esta iniciativa pois embora ainda tenhamos muitos padres
nos Açores é preciso encontrar lugar para o diácono, porque os diáconos
são muito importantes na ajuda que podem dar na celebração da palavra e
na caridade”, concluiu o reitor do Seminário.