Sem acordo com Governo, guardas prisionais alertam para possível "verão quente"
27 de mai. de 2024, 16:59
— Lusa/AO Online
A
ministra da Justiça, Rita Júdice, que se dividiu entre a
reunião negocial com os sindicatos da guarda prisional e o Conselho de
Ministros, apresentou a mesma proposta saída do Ministério da
Administração Interna (MAI), na passada semana, que propunha um aumento
de 180 euros no suplemento de risco, valor que os sindicatos rejeitam
veementemente.“De todo inaceitável. Está
muito longe daquilo que nós esperamos que seja a próxima proposta. Está
marcada uma reunião para dia 04 de junho às 17:30, a senhora secretária
de Estado disse-nos que iria melhorar a proposta. Continuamos a
aguardar. Recusámos redondamente esta dos 180 euros e esperamos pela
próxima”, disse aos jornalistas Frederico Morais, dirigente do Sindicato
Nacional do Corpo da Guarda Prisional (SNCGP).À
saída da reunião, em que participaram também as secretárias de Estado
Adjunta e da Justiça e da Administração Pública, o dirigente disse que a
proposta “fica muito aquém” do reivindicado pelos sindicatos, que
insistem num valor de 15% do índice 115 da administração pública, o que
equivale a 1.026 euros.“Tirando o
suplemento que já ganhamos, estaremos a falar numa proposta de cerca de
700 euros. Terão de encontrar aí um meio-termo, a senhora ministra da
Justiça e o Ministério das Finanças”, disse Frederico Morais.A
alternativa à ausência de acordo é, garantiu, um “verão quente”,
admitindo a possibilidade de greves que podem “parar o sistema
prisional”.“Fizemos questão de frisar à
senhora secretária de Estado Adjunta e da Justiça e a da Administração
Pública que avisassem o senhor ministro das Finanças e o senhor
primeiro-ministro de que provavelmente iremos ter um verão muito quente
nos estabelecimentos prisionais. (…) Iremos usar tudo o que estiver ao
nosso alcance para fazer ver ao Governo que os guardas prisionais
existem e que têm de ser tratados com dignidade”, disse.Frederico
Morais denunciou ainda uma rutura de água na cadeia de Vale de Judeus,
em Alcoentre, onde há dois dias reclusos e guardas prisionais estão sem
água corrente, estando a situação a ser minimizada com o abastecimento
externo dos bombeiros, com autotanques, para permitir higiene e
preparação de refeições, por exemplo.Segundo
referiu o dirigente do SNCGP, há cerca de 500 reclusos no
estabelecimento prisional de alta segurança que recebe condenados com
penas médias de 15 anos.Está também a ser afetado o bairro prisional, onde residem os guardas e as suas famílias.Segundo
Frederico Morais, não há estimativas para a resolução da rutura, até
porque há exigências administrativas que atrasam o processo, como a
necessidade de obter três orçamentos para adjudicar a reparação, o que o
dirigente sindical diz não fazer sentido num caso urgente.