Autor: Cristina Pires/Paula Gouveia
Porque aceitou este desafio?
O PCP de Ponta Delgada convidou-me a
aceitar esse desafio. E eu aceitei porque quero defender os lagoenses...
É um desafio! Vamos tentar fazer o nosso melhor!
Qual é a sua
experiência política e em que medida esta, aliada ao seu percurso
profissional – é administrativo na área da construção civil - será uma
mais-valia enquanto autarca?
Estou há pouco tempo na política. Só há
dois anos me fiz filiado no PCP, mas a experiência vai-se ganhando
dia-a-dia, com as questões que forem aparecendo. Quando se começa a
trabalhar, também é igual.
E porque decidiu filiar-se no PCP há dois anos?
Porque convidaram-me. E eu já tinha familiares filiados – o meu pai era já do PCP há muitos anos e eu segui as pisadas dele.
Uma
vez que se filiou no partido apenas há dois anos, podemos dizer que não
tem grande experiência política. Acha que isso é uma desvantagem para a
sua candidatura, ou não encara isso dessa forma?
Não partimos todos
em pé de igualdade. Quem está dentro, está em vantagem em relação aos
outros, mas vamos tentar fazer o nosso melhor, e o melhor é conseguir
alguma coisa. Vamos falar com as pessoas, perceber quais são os seus
problemas, dar as nossas ideias.
Por falar em ideias, na apresentação
da sua candidatura, defendeu que a Câmara Municipal deve lutar por mais
e melhores serviços públicos, nomeadamente a criação de um centro de
saúde autónomo. O atual não responde às necessidades do concelho?
Sendo
uma cidade, não devemos estar dependentes do Centro de Saúde de Ponta
Delgada. Deve ser autónomo para tomar as suas decisões... Para ter uma
caneta é preciso pedir licença a Ponta Delgada, e penso que, sendo a
Lagoa uma cidade, não necessita disso.
Defendo também que a Lagoa
devia ter uma corporação de bombeiros própria, mas como sabemos que não é
fácil, deveria ser criado pelo menos, em cooperação com os Bombeiros de
Ponta Delgada, um posto na Lagoa, para primeira intervenção.
Disse
também que falta investimento nas freguesias do concelho. O que falta e o
que propõe para cada uma das cinco freguesias do concelho da Lagoa?
Algumas
freguesias estão mais evoluídas do que outras. No Rosário, temos um
porto de pescas que está parado no tempo, há já muitos anos. Queremos
fazer uma obra de raiz naquele porto, porque temos muitos pescadores na
Lagoa. Em Santa Cruz, devemos ter uma baía natural, como deve ser... E
depois é ver situação a situação em cada freguesia...
E esses investimentos seriam feitos com receitas da Câmara, com recurso a fundos comunitários, com o apoio do Governo Regional?
Com
recursos da Câmara, apoios comunitários, e o Governo Regional também
tem de ajudar, pois já ajudou nos outros portos de pescas.
Também reivindica um reforço de meios humanos na PSP. O que é que a autarquia da Lagoa, neste caso concreto, pode fazer?
Pode
insistir junto da Administração Interna e pedir mais reforços. Eles
meios têm, falta mesmo é polícias, para fazer face ao aumento da
população.
Mas essa é uma realidade que se vive em todo o país...
Sim, é em todo o país, mas como autarca da Lagoa terei de puxar pela minha cidade!
Que outros problemas aponta no concelho?
Temos muita habitação degradada; faltam muitos espaços verdes e infantis em várias freguesias; e há muita pobreza envergonhada.
E que soluções defende para estas duas situações?
Criar uma equipa que vai ao terreno todos os dias ouvir as pessoas, porque elas têm necessidades.
E isso não acontece atualmente?
Que eu saiba não se vê.
E se for eleito, esta será para si uma prioridade?
Sim,
é urgente! Há idosos que vivem sozinhos, e só vai lá às vezes uma
enfermeira. E isso não é suficiente. Tem de haver uma equipa no terreno
todos os dias. São cinco freguesias, e tem de haver pessoas no terreno.
A falta de emprego é uma realidade no concelho?
A
falta de emprego há em todo o sítio, mas também há falta de vontade em
algumas pessoas. Mas esta é uma questão que tem de ser vista caso a
caso, e ajudar nos casos em que isso é preciso.
Não sendo esta uma
competência direta da autarquia – a criação de emprego – o que é que
esta pode fazer? Que incentivos pode criar para atrair investimentos
para o concelho que sejam sinónimo de emprego e de riqueza?
Aquela
equipa que pensamos criar para estar no terreno a falar com as pessoas
já vai dar emprego. E, na Câmara, em termos de emprego vamos fazer o
melhor possível!
Que outras questões sociais o preocupam no concelho da Lagoa? Já falou dos idosos, de habitação degradada...O que mais me preocupa é ver essa juventude perdida, sem trabalho, sem ocupação nenhuma. Por isso, é preciso ver o que se pode fazer em termos de atividades para a juventude.
Que tipo de atividades?
Ocupação de Tempos Livres, programas que os coloquem a estudar e a fazer trabalhos para a comunidade.
O setor do Turismo está em franco crescimento em São Miguel. O concelho da Lagoa tem vindo a beneficiar desse crescimento?
Tem,
mas não é o suficiente. Infelizmente somos uma cidade em que não temos
muitos espaços para turistas. Temos alguns espaços para artesanato...
Podia-se investir mais, pois só temos o hotel da Caloura que não é o
suficiente. Vamos tentar chamar o turismo para a Lagoa.
Defende a criação de mais unidades hoteleiras no concelho?
Sim.
No Rosário, em Santa Cruz, era necessário pelo menos mais uma, para que
as pessoas tenham um espaço para passar um dia ou uma noite.
De que forma o setor do Turismo pode ser uma mais-valia para o concelho da Lagoa?
Quando
há turistas, o movimento é muito em termos de lojas, restauração – e
felizmente temos muitos bons restaurantes na Lagoa e alguns têm sempre
uma boa lotação. Dá outro movimento ao concelho.
Em relação a outros serviços de animação e lazer, não só para turistas, mas também para residentes, a Lagoa está bem servida?
Sim.
Temos uma comunidade muita ativa em termos de associações. Temos grupos
folclóricos, temos escuteiros, temos filarmónicas – numa cidade pequena
são três. Ou seja, em termos de associações estamos bem servidos. Temos
é de ajudar as associações, pois cada vez é mais difícil a uma
associação sustentar-se. A Câmara tem de ajudar mais.
E em que outras áreas pode a autarquia investir e ajudar?
Temos
de investir no Turismo, na Pesca também. E depois a agricultura é uma
aposta que temos de fazer, pois é o garante da sobrevivência de muitas
pessoas.
E que contributo pode a autarquia dar?
Sim, nos acessos às pastagens, e outras ajudas que sejam necessárias.
A Ciência e Tecnologia tem sido uma aposta do atual executivo camarário. É esse o caminho do seu ponto de vista?
Sim. Foi uma aposta bem feita. Já vem de há algum tempo atrás. E é para continuar.
Como avalia a criação do Tecnoparque?
A
sua criação foi boa. Só que temos de chamar mais empresas. E neste
momento, só tem dois ou três edifícios feitos e mais nada. Temos de
evoluir mais.
A dívida da Câmara Municipal da Lagoa é da ordem dos
sete milhões de euros. Esta é uma questão que o preocupa enquanto
candidato?
Qualquer dívida preocupa qualquer pessoa. Tenho uma dívida
mais pequena e também me preocupa. Temos de fazer o melhor possível
para baixar a dívida, mas não subindo os impostos aos munícipes, porque
os munícipes não têm culpa do que os governantes fazem. Temos de ir
tentando renegociar e ir pagando as dívidas todas.
O PS tem assumido o
poder local há vários anos na Lagoa. Que balanço faz da governação
socialista em particular nos últimos quatro anos?
O Partido
Socialista manda na Lagoa toda há já muitos anos. Desde que me lembro,
só uma freguesia é que não é socialista. A Câmara sempre foi PS. E
aquilo é conforme o candidato que está dentro. Conforme a freguesia onde
mora, investe mais na sua freguesia e as outras ficam no esquecimento.
Mas até tem sido razoável, não tem sido das piores.
Está confiante na sua eleição?
Se
não estivesse confiante não tinha aceite esse desafio. Sei que vai ser
difícil, mas quero tentar ser pelo menos a terceira força na Lagoa.
Se for eleito para a Câmara da Lagoa qual será a sua prioridade?
Como
já tinha dito, a minha prioridade será ajudar as pessoas que mais
necessitam, investir na habitação e a obra do porto de pescas da Lagoa.