Segurança das prisões com “deficiências” na gestão e organização
2 de jan. de 2025, 09:39
— Lusa/AO Online
A
Inspeção-Geral dos Serviços de Justiça (IGSJ) entregou o relatório a 27
de dezembro e o Ministério da Justiça, em comunicado, adiantou ontem
que uma das conclusões é a necessidade de avaliar a lotação das prisões.Em
algumas cadeias, revela também o ministério liderado por Rita Júdice,
existem torres de vigilância que não funcionam, existe “falta de
sistemas que impeçam o arremesso de objetos”, locais desadequados para
visitas, carrinhas celulares e de serviço antigas (de 1998 e 2000) e
ainda “ausência de uniformização de configuração das câmaras” de
vigilância.Já a nível de organização, no relatório da IGSJ
concluiu-se que existem dificuldades na alocação de reclusos nas cadeias
e na sua distribuição pelas alas e pelas celas. Além disso, foram
também identificadas “dificuldades na transferência de reclusos entres
estabelecimentos prisionais” e existe “pouca articulação” na troca de
informação entre a direção-geral dos serviços prisionais e as cadeias.O
relatório elaborado ao longo dos últimos meses reconhece ainda que
existe uma “grande concentração de saídas nos mesmos dias” para
consultas ou diligências judiciais e que há presos preventivos que são
encaminhados para prisões destinadas a reclusos já condenados.Quanto
à gestão dos recursos humanos, no relatório refere-se, adianta o
Ministério da Justiça, uma “escassez de guardas prisionais ao serviços,
também por ausências prolongadas, com grande incidência de alegação de
acidentes em serviço, de doenças profissionais e de baixas médicas”.
Esta “escassez” reflete-se também da “insuficiência de elementos
encarregados da videovigilância”.Outro problema relacionado com o
corpo da guarda prisional é a “faixa etária avançada dos guardas
prisionais” e ainda a “ausência de formação” destes profissionais “em
temas específicos”.Em comunicado, Rita Júdice considerou que esta
auditoria “confirma o estado de desinvestimento no sistema prisional ao
longo dos anos”.No entanto, sublinhou a resolução de algumas falhas
identificadas na auditoria às 49 prisões: “Várias decisões já foram
tomadas, como a compra de viaturas, de equipamento de vigilância
eletrónica e a contratação de 225 guardas prisionais, em curso”.“Estamos
a dar início a obras e intervenções urgentes nos EP de Lisboa e de
Ponta Delgada. Os trabalhos de requalificação das prisões e do sistema
prisional são longos e demorados. Por isso, estamos a começar já”,
acrescentou.O Ministério da Justiça quer agora que a Direção-Geral
de Reinserção dos Serviços Prisionais (DGRSP) classifique as falhas
detetadas por grau de prioridade, que calendarize as medidas para
resolver as falhas identificadas e que apresente um relatório de
execução até março de 2025 e outro até junho de 2025.Também para o
próximo ano, a IGSJ fará uma nova inspeção. Esta auditoria deverá
acontecer durante o último trimestre do ano e o respetivo relatório será
entregue até 31 de dezembro, tal como aconteceu com a primeira
auditoria que foi agora apresentada.O relatório não será divulgado por questões de segurança e foi elaborado na
sequência da fuga de cinco reclusos da prisão de Vale de Judeus, em
setembro deste ano.