Sede própria é concretizar de sonho antigo da ALZA
14 de dez. de 2021, 11:09
— Nuno Martins Neves
É a melhor prenda de Natal que a Associação Alzheimer dos Açores (ALZA)
poderia receber. No ano em que comemoram 15 anos de atividade, o sonho
antigo de possuir uma sede própria tornar-se-á realidade no próximo ano,
depois do Governo Regional dos Açores, por intermédio da
Vice-Presidência e Direção Regional da Segurança Social, ter concedido
um apoio de 800 mil euros para a aquisição de um imóvel em Ponta
Delgada, e a respetiva adaptação do espaço.“É um sonho antigo.
Existimos há 15 anos e desde a primeira hora que sonhamos em ter um
espaço nosso para desenvolver o nosso trabalho”, explicou, em entrevista
ao Açoriano Oriental, Berta Cabral do Couto, presidente da direção da
ALZA. É, como confidenciou, o culminar de três anos de negociações com o
Governo.“Foi, finalmente, reconhecido e resolvido o problema das
instalações da Associação, com a assinatura da escritura de aquisição do
imóvel. Esperamos que, no decorrer do próximo ano, possamos ter as
instalações em condições de funcionarem e, certamente, com melhorias
acrescidas para os seus utilizadores”, acrescentou.O imóvel, situado
na Avenida Príncipe do Mónaco, permitirá à ALZA elevar para outro
patamar o trabalho desenvolvido junto dos doentes que sofrem de
Alzheimer.Possibilitará, desde logo, aumentar o número de
frequências das pessoas que pretendem frequentar o Centro de Estimulação
Cognitiva: atualmente, a associação tem capacidade para 18 utentes,
número que poderá chegar aos 28 ou 29 na futura sede.Segundo Berta
Cabral do Couto, o imóvel agora adquirido dará uma nova força à criação
do Centro de Noite, um pré-projeto que já tem candidatura aprovada pelo
Governo Regional. “As pessoas com a doença de Alzheimer poderão passar a
noite nas nossas instalações, nas situações em que o seu cuidador
precise de tempo para uma intervenção cirúrgica ou para tirar férias”,
exemplifica. Ao todo, são cinco os quartos com casas de banho privativas
existentes na moradia que irá sofrer obras de adaptação.Na cave do
edifício, surgirá um centro de documentação, mas também existirá uma
ampla área, onde a associação poderá promover formações ou eventos.
“Temos uma vertente psicossocial com a comunidade: interagimos muito com
a Universidade dos Açores, incentivando à investigação. Este edifício
será uma mais valia para as gerações vindouras”.Mas não só: com 2
mil metros quadrados de jardim, o novo espaço possibilitará à ALZA pôr
em prática funcionalidades como terapia com animais, uma horta para os
utentes “e, depende das possibilidades, um jacuzzi”.Mais valias que,
na opinião da presidente da associação, beneficiarão a qualidade de
vida e o bem-estar dos doentes com Alzheimer, com atividades mais
diversificadas. “As pessoas com doença de Alzheimer não podem estar
reservados a um só espaço. Beneficiam imenso, pois interagem com os
outros”.Berta Cabral do Couto não tem dúvidas em classificar a
doença de Alzheimer como “o flagelo do século XXI, por não haver cura” e
que a concretização da criação da sede da ALZA“é um grande legado que
deixamos à comunidade. Não íamos levar a vida toda com a casa às costas.
É um desafio, uma grande conquista e este foi um grande objetivo pelo
qual lutamos sempre”. Está por fazer o levantamento do número de doentes na RegiãoEstá
por fazer o levantamento do número de pessoas nos Açores que sofrem da
doença de Alzheimer. A afirmação é de Berta Cabral do Couto, presidente
da Associação Alzheimer dos Açores, que exorta as entidades a unirem
esforços para que seja conhecida a real situação do arquipélago.“Nunca
houve um levantamento e é uma pena. Só sabemos dos casos quando nos dão
conhecimento. Às vezes vamos ao encontro, quando alguém nos comunica”,
explica.Para a presidente da ALZA, seria importante que fosse feito
esse levantamento pelas ilhas todas. Mas para isso, diz, “tem de haver
um trabalho de campo para depois se falar seriamente do que existe. Não
há uma noção real da situação”.