Secretário-geral da UGT diz que “não fará fretes na legislação laboral”
15 de jan. de 2018, 10:59
— Lusa/AO online
Num
discurso que marcou o encerramento do terceiro congresso da UGT/Porto,
depois de falar de vários casos atuais, como do conflito laboral que se
vive na Autoeuropa, e de fazer várias críticas à CGTP, Carlos Silva
criticou a forma como as negociações sobre o aumento do salário mínimo
decorreram recentemente."Antes
de ir ao parlamento sempre foi decisão desde 86 discutir as matérias em
sede de parceiros entre empregadores, sindicatos e Governo. Mas nos
últimos anos tem-se assistido a uma força centrífuga que empurra para o
parlamento competências da Concertação Social e pela primeira vez os
patrões cederam à chantagem política que existe no país", descreveu,
deixando um recado."Nós
não vamos fazer fretes em relação a legislação laboral. Os patrões não
têm legitimidade para vir bater à porta da UGT pedir batatinhas (…).
Estamos cansados de ser acusados de ser muletas", disse.Carlos
Silva referiu que a UGT é a maior central sindical portuguesa porque,
disse, "só pode ser uma verdadeira central sindical ao serviço do país
quem, defendendo trabalhadores, não ignora que existem empresas e não
ignora que existem outros organismos da atividade politica, económica e
social".O
secretário-geral apontou ainda que "há muita gente confundida no país em
relação ao momento que se vive", caracterizando-o como "ainda difícil
para o movimento sindical"."A
Europa está confrontada com uma perda de sindicalização na ordem dos
vários milhões de homens e mulheres", referiu, atribuindo a redução às
políticas de austeridade e ao facto de "muitos trabalhadores terem sido
confrontados com despedimentos ou perdas de salário quando achavam que
os sindicatos eram um bastião"."Permitiu-se
que a austeridade conseguisse ganhar espaço e destruísse aquilo que
achávamos que era indestrutível", sintetizou o líder da UGT, apelando:
"Temos de começar de novo a passar uma mensagem de força e de unidade".Por
fim, Carlos Silva referiu que "uma das apostas da central é a
qualificação dos trabalhadores" e pediu à Autoridade para as Condições
do Trabalho "coragem de entrar nas empresas", deixando também apelos aos
responsáveis pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional.A sessão também ficou marcada pela eleição e tomada de posse de Clara Quental como presidente da UGT/Porto.A
dirigente sindical abordou, no seu discurso, os números do desemprego
no país, pedindo aos responsáveis dos sindicatos "trabalho e união". "Colocar a UGT/Porto no mapa sindical de Portugal", foi a meta traçada pela nova presidente.