Secretário-geral da ONU afirma estar "na hora" de levar a sério danos das alterações climáticas
22 de set. de 2022, 12:45
— Lusa/AO Online
António Guterres falava
durante uma reunião com vários líderes de países
desenvolvidos e em desenvolvimento, incluindo o Presidente do Egito,
Abdel Fattah al-Sissi, país que vai receber em novembro a conferência da
ONU sobre mudanças climáticas COP27."Chegou a hora de ter uma discussão séria e ações significativas sobre esta questão", insistiu Guterres."As
minhas mensagens foram claras. Sobre a emergência climática: a meta de
mais 1,5°C [graus Celsius] está ligada ao ventilador. E a falhar
rapidamente", disse o português.Numa
referência à meta de limitar o aquecimento global a 1,5°C em comparação
com a era pré-industrial, fixada no Acordo de Paris em 2015, Guterres
avisou que o mundo está “a caminhar” para um aquecimento de 3°C.O
líder da ONU pediu aos governos que, até à COP27, ataquem frontalmente
"quatro problemas urgentes": fixar metas de redução de emissões mais
ambiciosas, ajudar os países mais vulneráveis, adaptar-se e procurar
financiamento para os impactos e lidar com "as perdas e danos".Este
último ponto, um elemento crucial nas negociações sobre o clima, diz
respeito aos danos já causados pela multiplicação de eventos climáticos
extremos, pelos quais os países em desenvolvimento estão a exigir
compensação aos Estados mais ricos."Espero
que a COP27 no Egito aborde" o tema, acrescentou o secretário-geral da
ONU, defendendo tratar-se de uma questão de "justiça climática,
solidariedade internacional e criação de confiança".Na
anterior conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas, a
COP26 em Glasgow, no final de 2021, os países ricos rejeitaram as
exigências dos Estados em desenvolvimento de financiamento específico
para compensar as perdas e danos já causados.Esta
semana, um grupo de países em desenvolvimento, reunidos em Dakar,
voltou a fazer a mesma reivindicação, pedindo a criação de um "mecanismo
de financiamento" para lidar com os danos causados pelas mudanças
climáticas.Outra meta fixada em Paris, em 205, foi a redução das emissões de gases poluentes em 45% até 2030.Na reunião de quarta-feira, António Guterres exortou os líderes do G20 a acabarem com a dependência dos combustíveis fósseis.“A
indústria de combustíveis fósseis está a matar-nos e os líderes não
estão em sintonia com os cidadãos", alertou o líder da ONU, que pediu “a
eliminação do carvão existente e apoio à revolução das energias
renováveis”.