Secretário-geral da NATO pede unidade para enfrentar novos desafios e ameaças
11 de out. de 2021, 14:37
— Lusa/AO Online
“A crise no Afeganistão não
altera a necessidade de a Europa e a América do Norte se manterem
unidas na NATO”, disse Jens Stoltenberg, ao intervir na 67.ª sessão
anual da Assembleia Parlamentar da Aliança Atlântica, que termina hoje,
em Lisboa.Jens Stoltenberg elogiou o papel
de Portugal na Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO, na
sigla em inglês), incluindo em missões de combate ao terrorismo
internacional no Iraque e em África.“Portugal
é um forte aliado da NATO. Contribui para a nossa segurança partilhada e
para a nossa defesa coletiva de muitas formas diferentes”, afirmou.Stoltenberg
disse que a necessidade de unidade transatlântica é agora maior do que
alguma vez foi desde o fim da Guerra Fria devido aos novos desafios e
ameaças.Destacou, a propósito, a Rússia,
que “é responsável por ações agressivas contra os seus vizinhos” e por
“tentativas de interferir” nas democracias dos aliados.Referiu
também a China, que “está a usar assertivamente o seu poder para coagir
outros países e controlar o seu próprio povo”, além de “investir em
infraestruturas críticas” em diversos países da NATO, “desde redes 5G a
portos e aeroportos”.Stoltenbeg destacou
também os ciberataques, as tecnologias disruptivas, a proliferação
nuclear e as alterações climáticas como novos desafios e ameaças aos
aliados.“Juntos, continuaremos a enfrentar
a instabilidade, a combater o terrorismo e a salvaguardar a ordem
internacional baseada em regras, através da intensificação da formação e
do reforço das capacidades dos parceiros”, disse.O
antigo primeiro-ministro norueguês e secretário-geral da NATO desde
2014 insistiu na ideia de que os aliados nem sempre estão de acordo em
todas as questões, mas concordam que são mais fortes quando estão
unidos.“No Afeganistão, estivemos juntos
durante 20 anos. E juntos, tomámos a decisão de partir, após extensas
rondas de consultas”, disse.Stoltenberg
defendeu que a comunidade internacional deve preservar os ganhos da
presença de 20 anos no Afeganistão, nomeadamente no combate ao
terrorismo e nas questões sociais e económicas no país asiático.Também
deve continuar a retirar do país afegãos em risco e “usar toda a
influência” para “responsabilizar os talibãs pelos seus compromissos”,
incluindo na “passagem segura, direitos humanos e terrorismo”.Stoltenberg
disse também que a União Europeia é um parceiro de “particular
importância” para a NATO e que está a trabalhar com os dirigentes
europeus na aprovação, até ao final do ano, de uma nova declaração
conjunta para “reforçar ainda mais as relações NATO-UE”.O
secretário-geral saudou os esforços da UE em matéria de defesa e disse
que há sete anos consecutivos que se regista um aumento das despesas de
defesa na Europa, incluindo Portugal, e no Canadá.“Mas
estes esforços não devem duplicar a NATO. As nossas nações têm recursos
finitos, e apenas um conjunto de forças. E precisamos de os utilizar da
melhor forma possível”, alertou.Stoltenberg
referiu-se ainda ao trabalho em curso sobre o novo conceito estratégico
da NATO, que será aprovado na cimeira de Madrid, em 2022, e substituirá
o que foi aprovado em Lisboa, em 2010.Disse
que o documento será uma oportunidade de “reafirmar a centralidade da
ligação transatlântica” e o compromisso com os valores da “democracia,
Estado de direito e liberdade individual”.Criada
em 1955, a assembleia parlamentar da NATO reúne legisladores dos 30
Estados-membros da Aliança Atlântica e membros associados.A
67.ª sessão anual decorreu em Lisboa entre sexta-feira e hoje, e contou
também com intervenções do Presidente da República, Marcelo Rebelo de
Sousa, do presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro
Rodrigues, do primeiro-ministro, António Costa, e da presidente da
Câmara dos Representantes norte-americana, Nancy Pelosi.O
secretário-geral da ONU, António Guterres, esteve representado pelo
subsecretário-geral da organização, Jean-Pierre Renaud Lacroix.