Secretário dos Transportes dos Açores recusa audição parlamentar
19 de mai. de 2021, 12:21
— Lusa/AO Online
Numa
carta a que a agência Lusa teve acesso, o PS/Açores critica a
posição do secretário regional e pede a intervenção do presidente do
parlamento açoriano, Luís Garcia.“Esta
fuga ao esclarecimento político perante os legítimos representantes do
povo, ancorada num suposto primado da vertente judicial, não é
aceitável!”, lê-se na missiva assinada pelos deputados socialistas na
comissão de economia.A 30 de março, o
grupo parlamentar do PS/Açores disse querer ouvir o secretário dos
Transportes e os responsáveis das empresas que concorreram à prestação
do serviço de transporte marítimo regular de mercadorias para a ilha do
Corvo.Este pedido, que surgiu após duas
das empresas concorrentes terem acusado o concurso de estar “viciado”,
foi aprovado por todos os partidos com direito de voto na comissão de
economia do parlamento regional.“Surpreendentemente”,
escrevem os socialistas, o gabinete do secretário regional dos
Transportes, Turismo e Energia, “informou que este só prestará
declarações depois da ação administrativa que decorre no Tribunal
Administrativo e Fiscal de Ponta Delgada, contra o Fundo Regional da
Coesão, a pedido da concorrente Seamaster”.Para
os parlamentares do PS/Açores, a ação em tribunal “não impede, nem pode
impedir” Mota Borges de “prestar os devidos esclarecimentos políticos” à
Assembleia Regional.“Esta atitude por
parte do senhor secretário regional Mota Borges consubstancia não só um
inadmissível desrespeito pelas regras democráticas, como também
representa mais um exemplo da falta de transparência e da falta de
vontade para o diálogo que este Governo dos Açores afirma,
frequentemente, ter”, lê-se na missiva.O
PS/Açores realça ainda que a atitude de Mota Borges “impede claramente a
ação fiscalizadora” dos deputados e pede ao presidente da Assembleia
Regional, Luís Garcia, “que adote as diligências tidas como necessárias
para assegurar o cumprimento da função fiscalizadora” do parlamento.A 13 de março, a agência Lusa revelou que a empresa Seamaster, uma das
concorrentes ao concurso público de transporte de mercadorias para a
ilha do Corvo, considerou que o processo foi um “ato viciado” e admitiu
recorrer à justiça para “acabar com os monopólios”.No
dia seguinte, a empresa Energia Eficiente, outra das concorrentes ao
concurso público de transporte de mercadorias para a ilha do Corvo,
contestou o processo, referindo que, a confirmar-se o resultado, o
concurso “padecerá de vício de violação da lei”.Em
causa está o concurso público internacional para a prestação de serviço
de transporte marítimo regular de mercadorias entre as ilhas açorianas
do Faial e do Corvo, que foi ganho pela empresa Mutualista Açoreana (do
grupo Bensaúde).A decisão de contratar uma
prestação de serviços para o transporte marítimo regular de mercadorias
foi tomada pelo Conselho do Governo Regional a 29 de janeiro de 2021,
sendo a entidade adjudicante o Fundo Regional de Apoio à Coesão e ao
Desenvolvimento Económico.