Secretário dos Transportes dos Açores diz que "desígnio é salvar a SATA"
24 de nov. de 2021, 16:56
— Lusa/AO Online
No debate sobre
o Orçamento Regional para 2022, que começou na segunda-feira no
parlamento, Mário Mota Borges garantiu que o empenho em salvar a
companhia aérea açoriana “é total”, manifestando a intenção de
apresentar aos deputados “o plano de reestruturação em curso, mal esteja
aprovado” por Bruxelas.O secretário
regional respondia à interpelação da oposição sobre se o Governo
pretendia, ou não, extinguir a SATA Internacional, algo que foi indicado
na sexta-feira pelo deputado do Chega como condição para viabilizar o
Orçamento Regional para 2022.A SATA Air
Açores é a responsável pelas ligações aéreas entre as várias ilhas do
arquipélago e a Azores Airlines, também conhecida por SATA
Internacional, liga a região autónoma com o exterior.“O
nosso desígnio é fazer tudo o que for possível para salvar a SATA, quer
uma quer a outra. As dificuldades são as conhecidas e já aqui várias
vezes sublinhadas. O nosso empenho em salvá-la é total. O plano de
restruturação está em curso e, mal esteja aprovado, será trazido ao
parlamento”, disse Mota Borges.Francisco
César, deputado do PS, lamentou que a apresentação do secretário
regional sobre o Plano para 2022 das áreas que tutela pouco tenha falado
da companhia aérea e lamentou que o plano de reestruturação continue
sem ser do conhecimento dos deputados.“O
presidente do Governo disse aqui, em fevereiro, que nos faria chegar o
plano de reestruturação. Ele está feito. Os senhores não querem entregar
o plano. Como vão recapitalizar a empresa?”, questionou Francisco
César.António Lima, do BE, criticou o “manto de opacidade”.“Desconhecemos
o que o Governo se comprometeu ou compromete com Bruxelas a fazer. O
presidente do Governo, por duas vezes, prometeu plano de reestruturação e
por duas vezes escondeu”, acusou.Lima
observou que os deputados sabem qual o valor que está no Orçamento
Regional para a SATA, mas não o que o Governo “disse a Bruxelas que ia
lá colocar”.“Se é para salvar a SATA,
terão de fazer orçamento suplementar? Ou negociaram com o Chega o fim da
SATA Internacional? Essa opacidade, esta luta pela sobrevivência
política não pode condicionar o futuro dos Açores”, afirmou.O líder da bancada do PSD, João Bruto da Costa, acusou o PS de ter deixado na SATA “um passivo de 635 milhões de euros em 2020”.“O
senhor [referindo-se a Francisco César] tudo fez para acabar com a
SATA. Foi o senhor que obrigou esta empresa a depender de Bruxelas para
poder ser salva”, observou Bruto da Costa.De acordo com o deputado, “o trabalho que está a ser feito por este Governo é para salvar a SATA e não para acabar com ela”.Também Pedro Pinto, deputado do CDS-PP, considerou que o PS “é o único responsável pela colossal dívida da SATA”.Nuno
Barata, a Iniciativa Liberal, alertou que a região “tem uma dívida
acumulada de 3 mil milhões de euros”, o que já é um disparate”, frisando
que “a dívida financeira da SATA são 300 milhões”.A 10 de novembro, o presidente da companhia aérea disse acreditar que a
Comissão Europeia vai aprovar o Plano de Restruturação até ao final do
ano.Apresentado em fevereiro, o plano foi
enviado para Bruxelas em abril e prevê que a companhia volte a ter
lucros em 2023, com poupanças na casa dos 68 milhões de euros até 2025.A
Comissão Europeia autorizou, em 2020, um auxílio de emergência de 133
milhões de euros, tendo autorizado mais tarde um novo apoio no valor de
122,5 milhões de euros.As dificuldades
financeiras da SATA perduram desde, pelo menos, 2014, altura em que a
companhia aérea, detida na totalidade pelo Governo Regional dos Açores,
começou a registar prejuízos, entretanto agravados pela pandemia de Covid-19.De acordo com Mota Borges,
“adotar as medidas mais adequadas, mais económicas e sobretudo mais
eficazes para todos os açorianos tem sido o desígnio” do Governo.“A
dispersão geográfica das ilhas, que obriga a elevados níveis de
investimento público numa multiplicidade de infraestruturas, exige um
enorme esforço de manutenção ou melhoria. São 13 portos comerciais e
cinco infraestruturas aéreas à conta da região”, sublinhou.Estas
infraestruturas, “nomeadamente a construção, a reposição ou a simples
manutenção, são responsáveis por parte significativa dos 182 milhões de
euros inscritos no plano para 2022”, vincou.