Secretário da Saúde responsabiliza ex-diretor regional por mortes em lar
22 de dez. de 2020, 19:03
— Lusa/AO online
“Lamento
que alguém que foi responsável pelas 12 mortes no Nordeste venha agora
colocar uma questão isolada nos termos em que colocou”, afirmou Clélio
Meneses, ouvido pela Comissão de Assuntos Sociais da Assembleia
Legislativa, por videoconferência, na sequência de um requerimento do PS
sobre questões relacionadas com a covid-19.O
governante reagia a uma questão do deputado socialista Tiago Lopes,
anterior diretor regional da Saúde e anterior responsável pela
Autoridade de Saúde Regional, sobre um óbito de uma jovem na vila de
Rabo de Peixe.“Não são propriamente as
circunstâncias em que ocorreu o óbito que nos preocupam, mas sim naquilo
que diz respeito à comunicação entre as diversas entidades do Governo
Regional e autoridades de saúde com as famílias, atendendo a que o
constrangimento que ocorreu foi com a própria cerimónia fúnebre. Houve
uma situação com o núcleo familiar em que, ao que parece, terá havido
uma incompreensão com os cuidados ‘post mortem’ com o corpo”, referiu
Tiago Lopes.O antigo diretor regional da
Saúde não reagiu à acusação do atual secretário regional sobre a morte
de 12 utentes num lar de idosos no Nordeste, quando assumia funções de
responsável máximo da Autoridade de Saúde Regional.Sobre
o caso concreto do óbito registado em Rabo de Peixe, de uma jovem com
menos de 30 anos, o presidente da Comissão de Acompanhamento da Luta
contra a Pandemia nos Açores, Gustavo Tato Borges, disse que a utente
tinha “várias comorbilidades, obesidade, hipertensão e diabetes” e que o
Ministério Público entendeu não ser necessário fazer autópsia,
acrescentando que a comunicação com a família seguiu “os trâmites
normais”.Questionado por outros partidos
sobre as responsabilidades dos óbitos registados no lar do Nordeste,
Clélio Meneses disse não ter qualquer informação sobre este assunto.“Não
recebi qualquer informação sobre isso de nenhuma entidade. Dos assuntos
cujas competências foram transferidas pela minha antecessora nada foi
referido relativamente a esta matéria”, sublinhou.Tiago
Lopes criticou também a forma como foi implementada a obrigatoriedade
de realização de testes de despiste do novo coronavírus para os
passageiros que viajam de Terceira e São Miguel para outras ilhas,
alegando que não foi divulgada atempadamente a lista de laboratórios
convencionada.Em reação, Clélio Meneses
acusou o anterior executivo de ter publicado um decreto regulamentar sem
acautelar que existiam condições para a implementar.“Foram
certificados laboratórios, foram convencionados laboratórios, criou-se
condições nas várias ilhas para as equipas de colheita poderem funcionar
e, para além disso, identificámos todas as questões essenciais para
resolver o problema das pessoas. E quando tudo isto estava em condições
para ser posto em prática, foi posto em prática”, frisou.Questionado
pelo deputado socialista sobre os critérios que justificam que os
testes não sejam obrigatórios para os passageiros que se desloquem entre
as ilhas de São Miguel e Terceira, Gustavo Tato Borges disse que os
testes são realizados para “evitar a propagação do vírus para as ilhas
que não têm neste momento casos de transmissão comunitária”.“Temos
a ilha de São Miguel e da Terceira com risco moderado, a taxa de
incidência quinzenal em tendência decrescente, mas com transmissão
comunitária, o que faz com que nas viagens entre a ilha Terceira e a
ilha de São Miguel não haja benefício nenhum em fazer teste de rastreio,
pois havendo transmissão comunitária vamos tirar meia dúzia de casos e
não haverá qualquer impacto na taxa de incidência”, justificou.O
presidente da comissão reforçou que o número de novo casos nos Açores
está “a diminuir” e que o aumento de cadeias de transmissão não é
preocupante.“É normal haver mais cadeias
de transmissão havendo transmissão comunitária. A única razão pela qual
não se parou de descrever esta situação foi porque as pessoas estão
habituadas a isso. Esta informação não traz relevância para aquilo que é
o risco na população”, afirmou.