Secretário da Saúde dos Açores "estranha" afirmações da diretora do Hospital da Terceira
1 de abr. de 2021, 12:05
— Lusa/AO Online
"Estranho
que alguém diga que não está disponível para continuar num cargo para o
qual não foi convidado para continuar", afirmou o governante em
declarações à agência Lusa, quando questionado a comentar as declarações
da diretora clínica.Numa carta enviada ao
secretário da Saúde com o conhecimento do presidente do Governo
Regional, José Manuel Bolieiro, Alexandra Freitas diz que está
indisponível para continuar no cargo, alegando “falta de diálogo, de
definição de estratégia e falta de apoio” do Governo dos Açores.Na
missiva, Alexandra Freitas recorda que a sua comissão de serviço
termina a 18 de abril e diz estar indisponível para continuar em
funções a partir daí.Questionado pela Lusa, o titular pela pasta da Saúde nos Açores frisou que a sua reação "é de perfeita estranheza".O governante disse estranhar também "a preocupação de dar nota pública"
desta questão "quando, de facto, da parte do Governo Regional não houve
qualquer contacto" com a diretora clínica para que esta continuasse no
cargo."Por isso, é de lamentar que se pretenda fazer disto um caso quando não existe qualquer fundamento para o efeito", salientou. O
governante confirmou ter recebido a carta da diretora clínica do
Hospital de Santo Espírito da ilha Terceira, "ao mesmo tempo que era
notícia na comunicação social". Na
missiva, a que a agência Lusa teve acesso, a médica sublinha que “é uma
decisão tomada com e em consciência e que tem como principais motivos a
falta de diálogo, de definição de estratégia, falta de apoio e de
confiança por parte da secretaria regional da Saúde para com esta
direção clínica”. A ainda diretora clínica
do Hospital de Santo Espírito considera que "haveria muito mais por
fazer", uma vez que a direção clínica de um hospital é um "processo
dinâmico, altamente desafiante".À Lusa, o
secretário regional da Saúde disse ter a "certeza que há muito mais por
fazer” e está certo que irá “encontrar quem de facto faça aquilo que é
necessário, nomeadamente em termos clínicos"."Que,
de facto, há muito por fazer no Hospital de Angra do Heroísmo não tenho
dúvida nenhuma sobre isso e é de facto algo que me preocupa bastante",
reforçou Clélio Meneses.Na missiva, a
médica realça que aquele foi o hospital de referência da região na
primeira fase da pandemia da covid-19, tendo recebido utentes de “todas
as ilhas" e dado resposta aos utentes da ilha.“Nessa
fase, o desconhecido era a palavra de ordem e foi sempre com muito
sentido de responsabilidade que, no ano transato, este conselho de
administração esteve sempre disponível, de porta aberta”, lê-se na
carta.A diretora realça que, nos últimos
três anos, foram ainda contratados 29 médicos, sendo que o hospital de
Angra do Heroísmo atingiu em 31 dezembro de 2020 o "máximo histórico de
138 médicos no quadro".Alexandra Freitas
destaca ainda que, durante a sua direção, se verificou uma diminuição da
lista de espera dos pedidos de consulta e um "decréscimo da lista de
espera para cirurgias" em cerca de 14,4%.“A
descrição muito sumária do que foi feito nestes últimos três anos
pressupõe a aplicabilidade no presente e programação do futuro,
desconhecendo a minha pessoa, desta forma, se existe sintonia no plano
de ação”, escreve a médica.Em abril de
2018, foi anunciado que Alexandra Freitas seria a nova diretora clínica
do Hospital de Santo Espírito da Ilha Terceira, substituindo no cargo
Maria Ornelas Bruges Armas, por nomeação do Governo dos Açores, então
liderado pelo socialista Vasco Cordeiro.