Secretário da Agricultura dos Açores quer reforço de poderes de guardas florestais
12 de jul. de 2022, 08:46
— Lusa/AO Online
“Afigura-se
necessário e urgente que seja melhorado aquilo que é o poder da
autoridade do guarda florestal. Melhorando o poder da autoridade do
guarda florestal, temos a certeza que temos um melhor e maior controle
dessas mesmas políticas”, afirmou o titular da pasta da Agricultura nos
Açores, António Ventura, referindo-se ao ordenamento do espaço
florestal, à cinegética e à silvicultura.O
secretário regional da Agricultura e Desenvolvimento Rural falava, em
Angra do Heroísmo, à margem de uma reunião com dirigentes do Sindicato
dos Trabalhadores da Administração Pública e de Entidades Com Fins
Públicos (SINTAP) dos Açores.Em 2006, o
Corpo Nacional da Guarda Florestal foi extinto na Direção-Geral dos
Recursos Florestais e integrado na Guarda Nacional Republicana (GNR),
mas isso não aconteceu nos Açores e na Madeira.Os
deputados à Assembleia da República do PSD eleitos pelos Açores
apresentaram, na legislatura anterior, uma proposta para que os guardas
florestais dos Açores tivessem direitos equiparados aos do continente.A iniciativa caducou com a dissolução da Assembleia da República e os social-democratas voltaram a entregá-la em maio.Em
causa estão disposições específicas “quanto ao poder de autoridade, uso
da força, detenção, uso e porte de arma e direito de acesso” e quanto
ao “regime de aposentação dos trabalhadores integrados nas respetivas
carreiras”.António Ventura assegurou que o executivo açoriano (PSD/CDS-PP/PPM) vai reivindicar o reforço de
poder dos guardas florestais dos Açores num parecer à proposta do PSD.Por outro lado, vai alertar para alterações propostas pelo Sintap em matéria de uso e porte de arma.“Vamos
informar a Assembleia da República que é urgente e necessário
introduzir esta premissa de um melhor uso do porte de arma”, afirmou.A
iniciativa dos social-democratas já prevê o direito ao porte de arma,
mas o sindicato reivindica que os guardas florestais possam levar a arma
para casa, seguindo regras de segurança, como a exigência de um cofre.“Um
guarda florestal não pode estar com limitações no porte de arma. Não é
concebível que um guarda florestal, quando receba uma denúncia, tenha de
vir buscar a arma ao serviço, para depois atuar”, salientou António
Ventura.“Temos de ter um controle e uma
fiscalização adequada e ajustada. Conceder estas exigências ao guarda
florestal é proteger os nossos recursos endógenos”, acrescentou.Segundo
Orivaldo Chaves, do Sintap/Açores, está em causa uma situação de
“injustiça” entre guardas florestais do continente e das regiões
autónomas, que têm “o mesmo tipo de trabalho”.“Havia
um corpo nacional de guardas florestais. Entretanto, há uma queda desse
corpo e ele é integrado nos guardas nacionais republicanos, a nível
nacional, e aqui ficou a nossa polícia florestal um bocadinho à deriva,
regida por um diploma, o 111/98 de 24 de abril, que os deixa um
bocadinho ao Deus dará”, explicou.“Ficam
sem proteção legal e há serviços que têm que ser executados,
nomeadamente nas intervenções, nas detenções, no chegar às pessoas que
estão a prevaricar. Eles sentem-se inseguros, porque não têm qualquer
matéria que os proteja à retaguarda”, disse.Orivaldo
Chaves reconheceu que o diploma é da competência da Assembleia da
República, esperando que o Governo Regional possa também sensibilizar os
deputados para a urgência de equiparar os direitos dos guardas
florestais regionais aos nacionais.“O que o
diploma pretende é uma igualdade a nível de competências, a nível de
estatuto de aposentação, que todo o trabalho que seja feito aqui seja
equiparado ao trabalho que é efetivamente feito no continente”, frisou.