Secretário da Agricultura dos Açores culpa PS por devolução de 2ME de fundos
23 de nov. de 2021, 13:55
— Lusa/AO Online
“Não
só este governo tem uma estratégia [para o setor agrorrural], como está
a resolver problemas do governo do PS”, alertou António Ventura, em
resposta a críticas da oposição, no segundo dia de debate do Plano e
Orçamento para 2022 na Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos
Açores (ALRAA), na cidade da Horta, ilha do Faial.De
acordo com António Ventura, o Governo Regional está obrigado, “por decisão do
tribunal”, a “devolver dois milhões de euros de fundos comunitários por
incumprimentos no Prorural+”, o Programa de Desenvolvimento Rural para a
Região Autónoma dos Açores 2014-2020.A decisão, explicou, foi publicada no Jornal Oficial da União Europeia de sexta-feira.De
acordo com o secretário regional, o Governo Regional vai ainda “pagar
uma multa por não ter pedido autorização a Bruxelas” para analisar
reformas antecipadas no setor.“Que moral é
a vossa para falar no presente quando deixaram todas estas
irresponsabilidades?”, questionou António Ventura, referindo-se ao PS,
que governou a região durante mais de 20 anos.O governante considerou que os socialistas “contribuíram para a crise” e o atual governo “para as soluções”.“Perante a irresponsabilidade da vossa estratégia para a agricultura, estamos a criar uma estratégia de fundo”, frisou.Na
intervenção inicial, António Ventura disse que a crise do setor é
“dramática nos Açores”, porque não há “uma base agroprodutiva
fortalecida”.“Não tivemos políticas que a tornassem fortalecida, de maneira a melhor resistir a crises como esta”, alertou.Ventura
deixou o compromisso de trabalhar com “muito empenho, dedicação e visão
estratégica para que, através do agrorrural, se melhore a vida dos
açorianos”.“Este é o Orçamento que percebe
a dramática crise no setor agroprodutivo, manifestada através do
aumento dos preços das matérias-primas”, assegurou.Entre
as medidas previstas, prevê-se “acompanhar os preços das fileiras
agroprodutivas”, alterar “os estatutos do IAMA” [Instituto de
Alimentação e Mercados Agrícolas], para acompanhar a formação dos
preços” e alcançar “preços justos”, ou criar “uma ação no Plano sobre a
responsabilidade social na fileira do leite”.A
isto, soma-se a intenção de “intervir sobre os excessos nos laticínios,
continuar a abrir candidaturas para a reconversão da produção de leite
convencional em leite pastagem e leite biológico, e disponibilizar um
programa para a redução da produção de leite”.O
Governo dos Açores aposta também na “investigação científica, pelo que
estará em funcionamento o Laboratório da Inovação dos Produtos Lácteos,
para a diversificação nos laticínios”.“Este
é um Plano e Orçamento real, sem ilusões. As verbas que estão neste
Plano vão chegar todas ao agrorrural nos Açores”, garantiu.O deputado Carlos Silva, do PS, acusou Ventura de estar “no mundo da agro-ficção”.“Não
houve uma palavra para os custos de produção que aumentam brutalmente.
Ler o plano para a agricultura e não ver uma menção para a grave crise
que enfrentam os produtores de leite é não perceber o que está a
acontecer. Sobre o preço do leite, sobre os fatores de produção, nada é
dito”, lamentou.Também o socialista Miguel
Costa disse que o secretário da Agricultura é “pródigo em anúncios e em
fazer diagnósticos”, mas “resolver e governar tem sido muito difícil”.O
deputado criticou a ausência de medidas para resolver a “falta de mão
de obra, que começa a ser dramática”, nomeadamente no setor
vitivinícola.Bruno Belo, do PSD, lembrou
que “há vários anos” que “as oscilações de mercado são todas, ou quase
todas, acumuladas no produtor”, não se podendo “desenquadrar o problema
da política agrícola nacional”.Na bancada
do CDS-PP, Pedro Pinto questionou quais as políticas deste governo para
“ajudar os produtores que pretenderem a transição para outras produções
agrícolas”.Carlos Furtado, deputado
independente (ex-Chega), lamentou ter-se chegado ao ponto em que os
agricultores, “mesmo trabalhando sete dias por semana, vivem de
esmolas”.O deputado único da Iniciativa
Liberal, Nuno Barata, observou que “a receita é a mesma do passado e os
resultados são os mesmos”.