Secretária de Estado diz que não há número limite de refugiados a acolher por Portugal
Ucrânia
9 de mar. de 2022, 12:20
— Lusa/AO Online
“A
pandemia mostrou que todos nos adaptámos. Portanto, estou muito
confiante que também nos iremos adaptar [migração]. Basta ver que em
pouco mais de uma semana chegaram mais de três mil pessoas ucranianas ao
país de forma integrada. É muito significativo. A larga maioria está em
casa de amigos e familiares. Estou confiante que vai decorrer da melhor
forma e harmonia”, disse Cláudia Pereira durante uma visita ao Estádio
Municipal de Leiria, onde foi criado um Centro de Acolhimento
Temporário.A governante sublinhou que "não
há quotas” e que “todos são bem-vindos”. “Na verdade, temos imensas
necessidades de mão de obra e os ucranianos têm contribuído imenso para a
riqueza económica, mas também cultural e social do país”, disse.Segundo
números avançados à Lusa pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras
(SEF), Portugal concedeu até às 13:00 de hoje 3.179 pedidos de proteção
temporária a pessoas vindas da Ucrânia em consequência da situação de
guerra.Durante a visita ao Centro de
Acolhimento Temporário, Cláudia Pereira teve oportunidade de falar com
os dois primeiros refugiados que ali chegaram, na segunda-feira e
deu-lhes as boas-vindas a Portugal. “Queremos que sejam muito felizes e
que se sintam bem aqui”, disse a secretária de Estado a Hanna e
Vyacheslav, mãe e filho.Um dia depois de
falarem com a Lusa, estes refugiados já sabem dizer: “obrigado” e “bom
dia” e a gratidão “imensa” mantém-se a mesma. “Dormi finalmente, depois
de várias noites sem dormir. Estar num estádio é simbólico, é como estar
a fazer uma grande corrida para chegar à meta”, afirmou Hanna à
secretária de Estado, pela tradução de Natalia, mulher de origem russa a
viver em Leiria, que tem estado envolvida na ajuda aos ucranianos e que
serve de intérprete.Cláudia Pereira disse
depois aos jornalistas que “é muito importante toda a generosidade e
solidariedade que tem sido demonstrada, aqui na Câmara de Leiria em
conjunto com as associações da região”, elogiando os quartos
improvisados, num total de 54 camas.“É um
espaço muito acolhedor, com muita dignidade para os primeiros dias.
Depois as pessoas vão para outras respostas, encontrando emprego e
tornando-se autónomas. É muito interessante a tradutora ser russa e
estar com pessoas ucranianas. A guerra que se está a passar não traduz,
muitas vezes, os laços que existem entre ucranianos e russos. É sempre
bom ver este exemplo de pacificidade e de paz”, frisou.Cláudia
Pereira referiu ainda que existe uma bolsa de alojamento do Alto
Comissariado para as Migrações, com mais de 1.800 disponibilidades, e
deixou o endereço de 'e-mail' sosucrania@acm.gov.pt “para quem tiver alojamento e o queira disponibilizar”.O
presidente do Município de Leiria, Gonçalo Lopes (PS), apontou o
Estádio Municipal Dr. Magalhães Pessoa como uma “infraestrutura
desportiva, com capacidade e polivalência”.“Já
foi durante dois anos o quartel-general de Leiria no combate à
pandemia, foi-o na realização de testes e na vacinação”, disse Gonçalo
Lopes, adiantando que “o município não hesitou em oferecer o seu melhor
equipamento para transformá-lo num centro de alojamento temporário".Para
tal, o autarca reconheceu o contributo de empresas, e comunidade local,
que ofereceram mobiliário, peças de roupa e produtos de higiene.Segundo
Gonçalo Lopes, o centro acolhe, neste momento, “cinco pessoas e um
cão”. “E temos a chegar amanhã mais 21 pessoas. Algumas irão para casas
de familiares e outras 13 virão para aqui, com mais um cão e mais um
gato”, disse.O presidente da Câmara
acrescentou que é possível adaptar mais camarotes, se houver
necessidade, e existe ainda uma “rede de oferta de quartos, quer de
instituições quer de empresas quer de particulares, que ainda não foi
acionada”.“Temos uma grande comunidade de
ucranianos no concelho de Leiria: são 1.000 registados em 2020, e na
região de Leiria perto de 3.000. Nos últimos 20 anos deram um contributo
muito importante para o desenvolvimento económico da região e, por
isso, queremos retribuir aquilo que foi a capacidade de trabalho e a
maneira como se integraram”, afirmou ainda.