Secretária de Estado da Agricultura apresenta demissão
Governo
5 de jan. de 2023, 20:03
— Lusa/AO Online
“A secretária de Estado da Agricultura, Carla
Alves, apresentou esta tarde a sua demissão por entender não dispor de
condições políticas e pessoais para iniciar funções no cargo”, avançou,
em comunicado, o Ministério da Agricultura. De acordo com a mesma nota, a demissão foi “prontamente aceite”. O
Correio da Manhã noticiou que a nova secretária de Estado da
Agricultura tem várias contas bancárias arrestadas, no âmbito de uma
investigação que envolve o seu marido e antigo presidente da Câmara de
Vinhais, Américo Pereira. O Presidente da
República tinha considerado que a secretária de
Estado da Agricultura tinha “uma limitação política", pelo caso judicial
que envolve o marido, notando que esta devia ajuizar se reunia
condições para se manter em funções.Em
declarações aos jornalistas, no Teatro São Luiz, em Lisboa, Marcelo
Rebelo de Sousa referiu que a então recém-empossada secretária de Estado
"não é arguida, não é acusada", portanto, "não há, neste momento, com
os factos conhecidos, nenhum caso de inconstitucionalidade ou
ilegalidade"."Outra coisa é a questão
política. E no domínio da questão política naturalmente que a questão é a
seguinte: alguém, em abstrato, que tem uma ligação familiar próxima com
alguém que é acusado num processo de uma determinada natureza, qualquer
que seja a natureza criminal, à partida tem uma limitação política, é
um ónus político", considerou.Já antes, no
debate sobre a moção de censura ao Governo apresentada pela Iniciativa
Liberal, o primeiro-ministro defendeu que se algum membro do Governo
tiver rendimentos não declarados deve sair do executivo, salientando que
a secretária de Estado da Agricultura lhe garantiu que na sua conta não
tem rendimentos não declarados.“Se em
abstrato, algum membro do Governo tiver rendimentos não declarados,
claro que não se pode manter como membro do governo. É evidente, creio
que isso é uma coisa clara e transparente. Estamos de acordo sobre esse
ponto, vá lá, já é bom estarmos de acordo em mínimos”, afirmou António
Costa. De acordo com o Correio da Manhã,
entre 2013 e 2020, o casal declarou rendimentos inferiores aos montantes
que tinha no banco, uma discrepância que foi constatada após ter sido
levantado o segredo bancário.O Ministério Público mandou arrestar bens do antigo autarca, num processo que envolve mais de 4,7 milhões de euros.Em
causa estão vários negócios celebrados entre 2006 e 2015, que envolvem
também uma sociedade, um empresário e o reitor do antigo seminário deste
concelho do distrito de Bragança.Américo
Pereira assegurou aos jornalistas que a governante não tem qualquer
processo judicial e que já contestou o arresto de bens.O
antigo autarca, que é advogado de profissão, disse que apenas uma conta
conjunta, em nome dele e da mulher, foi arrestada “com um valor
miserável”, e em relação aos restantes bens a agora secretária de Estado
já “foi ao processo pedir embargos do arresto”.Segundo
referiu, a esposa “não responde financeiramente legalmente” porque não é
arguida no processo e a chamada meação do casal não pode ser arrestada,
ou seja, a parte dos bens que pertence a ela.“Eu
nunca pensei que a maldade de alguém pudesse chegar ao ponto de
envolver a esposa de um ex-autarca porque ele é arguido num
processo-crime. Não percebo porque é que ela tem que ser envolvida
nisto”, lamentou.Carla Alves foi diretora
regional de Agricultura e Pescas do Norte desde 2018 e é o rosto do
processo de desenvolvimento e certificação do fumeiro regional de
Vinhais e da Raça Bísara.