Secretaria da Saúde dos Açores averigua cumprimento de notificação de casos de leptospirose
A Secretaria Regional da Saúde dos Açores anunciou hoje que vai averiguar o cumprimento da declaração de casos de leptospirose, depois de terem sido divulgadas na comunicação social situações que não chegaram ao conhecimento da tutela.

Autor: Lusa

"A Autoridade Regional de Saúde solicitou à Direção Geral da Saúde a averiguação da falta de notificação obrigatória referente à existência de casos de leptospirose na ilha Terceira", adiantou fonte da tutela, em declarações à Lusa.

A leptospirose, uma doença transmitida através da urina de ratos, deve ser declarada obrigatoriamente pelos médicos num tempo máximo de 24 horas.

Segundo fonte da Secretaria Regional da Saúde, o pedido de averiguação surgiu na sequência de declarações prestadas por uma médica do Hospital de Santo Espírito da Ilha Terceira à RTP/Açores, em que confirmava a existência de casos de leptospirose, que não foram declarados no Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica (SINAVE).

A Lusa contactou o Hospital da Ilha Terceira, que remeteu esclarecimentos para sexta-feira.

De acordo com a tutela, registaram-se 18 casos de leptospirose nos Açores, em 2015, não tendo ainda sido notificados casos em 2016.

No entanto, a Secretaria Regional da Saúde não tem qualquer registo de casos verificados na ilha Terceira, apenas nas ilhas de São Miguel (11), Pico (seis) e Faial (um).

De acordo com a tutela, a Lei n.º 81/2009 de 21 de agosto prevê que o incumprimento da notificação de casos de leptospirose seja punido com coimas de 100 a 10.000 euros para pessoas singulares e de 10.000 a 25.000 euros para pessoas coletivas.

Um estudo apresentado em 2009 sobre o período entre 1993 e 2008 indicava que nos Açores a incidência desta doença era 10 vezes superior ao resto do país, calculando-se uma média anual de 11,1 casos por 100 mil habitantes.

Segundo Ana Rita Eusébio, coordenadora regional de Saúde Pública, a elevada incidência da leptospirose nos Açores é justificada em parte pelas "condições de humidade e temperaturas médias características do clima subtropical", sobretudo entre os meses de setembro e janeiro.

"Estas condições climatéricas, juntamente com a vasta densidade de roedores nas ilhas, associadas a uma maior sensibilização da população e dos clínicos para a ocorrência desta doença, são fatores que têm contribuído para um crescente número dos casos detetados", salientou.