Secretária da Educação diz que novo Estatuto da Carreira Docente vai cativar professores
26 de out. de 2022, 10:12
— Lusa/AO Online
“Sem
dúvida alguma vamos ter as condições que possam cativar não somente
professores de outras regiões do país para poderem vir cá dar aulas – e
temos nota de alguns que até cá já estiveram, saíram e agora poderão
querer regressar –, mas também cativarmos jovens para poderem
almejar ser professor, porque ser professor passará a ser uma profissão
com dignidade na nossa região”, afirmou, em declarações aos jornalistas,
a titular da pasta da Educação nos Açores, Sofia Ribeiro.A
governante, do executivo da coligação PSD/CDS-PP/PPM, falava depois de
ter reunido, durante dois dias, com o Sindicato dos Professores da
Região Açores (SPRA) e com o Sindicato Democrático dos Professores dos
Açores (SDPA).Numa altura em que o país se
depara com “uma grande falta de professores”, Sofia Ribeiro defendeu
que é “urgente” reverter “24 anos de degradação e desvalorização das
condições da docência”, que tiveram “gravíssimas repercussões em todo o
sistema educativo regional”, referindo-se ao período em que o PS
governou a região.“Não temos dúvida alguma
que com esta negociação estamos a criar condições que são muito
vantajosas, no que concerne ao exercício da docência nos Açores, por
comparação com o resto do território nacional, nas mais variadas
dimensões”, frisou.A governante destacou
alterações na admissão dos professores na carreira, com “condições de
verificação da qualidade do professor ao início”, a “recuperação do
tempo de serviço entre carreiras” e a “equidade de tempo de serviço para
os docentes de todos os ciclos e níveis de ensino”.Os
sindicatos contestam que a devolução de três anos de serviço perdidos
na transição entre carreiras seja feita de forma faseada, durante 10
anos, mas Sofia Ribeiro alega que a medida não pode comprometer as
contas da região.“Não há nenhum sistema
que permita uma recuperação imediata de todo o tempo de serviço. Isso é
absolutamente incomportável e foi isso que foi dito aos sindicatos.
Comprometemo-nos a fazer essa recuperação, mas essa recuperação tem de
ser em linha de conta com a capacitação da própria região. Não podemos
comprometer a região para correspondermos a esse desiderato por parte
dos sindicatos”, justificou.O Governo
Regional propõe a recuperação de um ano de serviço quando o diploma
entrar em vigor e os outros dois de forma faseada repercutindo-se nos
dois escalões supervenientes“Não queremos
que nenhum professor que tenha direito a esta recuperação possa, pelo
efeito desta delonga, vir a ser prejudicado. Se se verificar que possa
estar em causa essa possibilidade de recuperação, estamos obviamente
disponíveis para fazermos a revisão, porque entendemos que o direito a
ser consagrado é para todos, mas em equilíbrio com a capacitação das
finanças públicas que temos de fazer”, ressalvou a titular da pasta da
Educação.Outra das reivindicações dos
sindicatos é a redução da componente letiva mais cedo na carreira, mas a
secretária regional alertou para a falta de professores.“É
uma questão muito complexa, que tem de ser analisada com muito cuidado,
porque a redução da componente letiva pode implicar que os alunos
fiquem sem professor devidamente profissionalizado para dar aulas”,
apontou.“A nossa primeira responsabilidade
é sempre para com o aluno. Entendendo que têm de ser dadas condições de
dignidade à profissão, para podermos cativar profissionais competentes
para a docência, não podemos nunca pôr em causa o aluno”, acrescentou.A
última revisão do Estatuto da Carreira Docente nos Açores tinha
ocorrido em 2015 e a tutela estima ter o processo negocial concluído
“ainda neste ano civil”.O Estatuto da
Carreira Docente é um de vários diplomas que o Governo Regional dos
Açores pretende a rever, no âmbito da “Estratégia da Educação para a
Década”, que contou com contributos de todos os partidos com
representação na Assembleia Legislativa dos Açores.As
negociações com os sindicatos arrancaram em novembro de 2021, um ano
depois de o executivo da coligação PSD/CDS-PP/PPM ter tomado posse.O regime
de criação, autonomia e gestão das unidades orgânicas foi já negociado
com os sindicatos e aprovado em Conselho de Governo.O Estatuto do Pessoal de Ação Educativa do Sistema Educativo Regional também já deu entrada na Assembleia Legislativa dos AçoresNos
próximos meses, o executivo conta apresentar uma proposta de alteração
do diploma da gestão e da flexibilidade curricular ao nível da educação
básica.