“Secreta” dinamarquesa alerta para ameaça militar dos EUA sob administração Trump
12 de dez. de 2025, 17:32
— Lusa/AO Online
O Serviço de
Informações de Defesa da Dinamarca, na sua mais recente avaliação anual,
divulgada na quarta-feira, refere que a maior assertividade de
Washington sob a administração do Presidente Donald Trump surge num
contexto em que a China e a Rússia procuram reduzir a influência
ocidental, especialmente a norte-americana.Particularmente
sensível para a Dinamarca – membro da Organização do Tratado do
Atlântico Norte (NATO) e da União Europeia (UE), bem como aliada dos
próprios norte-americanos – é a crescente competição entre essas grandes
potências no Ártico. Trump manifestou o
desejo de ver a Gronelândia, um território dinamarquês semi-autónomo e
rico em recursos minerais, tornar-se parte dos Estados Unidos, uma
intenção rejeitada pela Rússia e por grande parte da Europa.“A
importância estratégica do Ártico está a aumentar à medida que o
conflito entre a Rússia e o Ocidente se intensifica, e o crescente foco
dos Estados Unidos nas questões de segurança e estratégia na região
acelerará estes desenvolvimentos ainda mais”, refere o relatório da
‘secreta’ dinamarquesa.A avaliação surge
também após a publicação, na semana passada, da nova estratégia de
segurança nacional da administração Trump, que descreve os aliados
europeus como frágeis e visa reafirmar a dominância norte-americana no
hemisfério ocidental.O Presidente russo,
Vladimir Putin, afirmou que a Rússia está preocupada com as atividades
da NATO no Ártico e que responderá reforçando a sua capacidade militar
na região polar.As conclusões e análises
do relatório ecoam uma série de preocupações recentes, sobretudo na
Europa Ocidental, sobre a postura cada vez mais unilateral dos Estados
Unidos, que, no segundo mandato de Trump, têm privilegiado acordos
bilaterais e parcerias em detrimento de alianças multilaterais como a
NATO.“Para muitos países fora do Ocidente,
tornou-se uma opção viável estabelecer acordos estratégicos com a China
em vez dos Estados Unidos. A China e a Rússia, juntamente com outros
Estados com interesses convergentes, procuram reduzir a influência
global do Ocidente e, em particular, dos Estados Unidos”, lê-se no
relatório.“Em simultâneo, aumentou a
incerteza sobre a forma como os Estados Unidos irão priorizar os seus
recursos no futuro. Isto dá aos poderes regionais maior margem de
manobra, permitindo-lhes escolher entre os Estados Unidos e a China ou
procurar um equilíbrio entre ambos”, adverte o relatório dos serviços
secretos dinamarqueses.A administração
Trump tem suscitado preocupações quanto ao respeito pelo direito
internacional face à série de ataques mortais contra alegados barcos de
tráfico de droga no mar das Caraíbas e no Pacífico Oriental, naquilo que
se diz ser parte de uma campanha de pressão reforçada contra o
Presidente venezuelano, Nicolás Maduro.Trump também se recusou a excluir o uso da força militar na Gronelândia, onde os Estados Unidos já dispõem de uma base militar.“Os
Estados Unidos estão a usar o seu poder económico, incluindo ameaças de
tarifas elevadas, para impor a sua vontade, e a possibilidade de
recorrer à força militar – mesmo contra aliados – deixou de ser
excluída”, conclui o relatório.