SCUT de São Miguel poderá custar mais de 785 milhões de euros
20 de dez. de 2023, 13:08
— Lusa/AO Online
De acordo com o relatório
do TdC, a que a Lusa teve acesso, o contrato de concessão rodoviária
assinado em 2006 pelo então Governo Regional, liderado pelo socialista
Carlos César, e a empresa Euroscut-Açores, pelo prazo de 30 anos, já
custou à região, até final do ano passado, 323,4 milhões de euros.“Estima-se
que o valor nominal dos encargos a suportar pela Região Autónoma dos
Açores com o pagamento de portagens virtuais, até ao termo da concessão,
em 2036, ascenda a 785,5 milhões de euros (com o IVA incluído, à taxa
de 16%),” conclui agora o TdC.Os juízes
conselheiros alertam, no entanto, para a possibilidade de os cofres da
região terem de vir a suportar eventuais encargos adicionais, com esta
concessão rodoviária, por via de indemnizações a pagar à concessionária,
uma vez que as projeções iniciais de tráfego automóvel foram
“irrealistas”.“Em termos médios, o tráfego
real ficou 31% aquém das estimativas vertidas no cenário de referência
adotado (…), circunstância reveladora do irrealismo dos pressupostos
subjacentes à elaboração desta peça contratual”, refere o relatório da
auditoria.Estas “projeções de tráfego
sobrestimadas” poderão vir a desencadear, segundo o TdC, um eventual
processo de reequilibro financeiro por parte da concessionária,
adiantando que é “elevado o risco de a Região Autónoma dos Açores vir a
ser confrontada com o pagamento de compensações financeiras
“desproporcionadas aos danos que visam reparar”.Nesse
sentido, o Tribunal estima que o Governo Regional tenha de vir a
desembolsar mais 141 milhões de euros, a título de compensação à empresa
que realizou a obra, que considera serem “suscetíveis de implicar uma
pressão adicional sobre as finanças públicas regionais”.A
auditoria do TdC surge na sequência de uma proposta, aprovada por
unanimidade no parlamento açoriano, em janeiro de 2022, da autoria da
bancada do BE, que defendia a necessidade da haver “mais transparência
nas contas públicas” regionais, em relação ao impacto das SCUT,
considerada “a maior obra pública dos Açores”.“Os
dados disponíveis sobre pagamentos públicos ao consórcio que executou e
financiou a SCUT são pouco claros e, de forma constante, apresentam
pagamentos muito superiores às estimativas iniciais”, alertou, na
altura, o líder parlamentar bloquista, António Lima.