Saúde mental discutida no COP como “absolutamente indispensável no treino”
26 de out. de 2022, 16:54
— Lusa/AO Online
“Do ponto de vista de um
atleta de alto rendimento, a componente psicológica é absolutamente
indispensável no treino, com uma componente médica, de fisioterapia,
alimentação e psicologia. O psicólogo, aqui entendido como uma pessoa
especializada nas áreas, deve ter uma relação de grande proximidade com
quem conduz o processo de treino”, sublinhou, no discurso de abertura da
sessão, na sede do COP, em Lisboa.Organizada
pela Comissão dos Atletas Olímpicos (CAO), a primeira de diversas
‘power talks’, com diferentes temáticas, que serão levadas a cabo nos
próximos meses, tem a importância da saúde mental como foco, o que “nem
sempre tem sido bem tratado”.“Muitas
vezes, mistura-se o apoio psicológico com o tratamento patológico que o
alto rendimento suscita nos atletas. São coisas de natureza e de
procedimento distintos”, alertou José Manuel Constantino, que lembrou
ainda o papel fulcral dos treinadores.A
relação entre o psicólogo e o atleta “tem de ser balizada e mediada pelo
treinador, que também ele necessita de apoio”, considerou o dirigente,
que realçou que não são somente os atletas a entrar “em processos
stressantes” durante treino e competição.“É
fácil passar umas horas no ginásio a mexer o corpo e a alterá-lo, mas
não existe a mesma facilidade para fazer o mesmo com a mente. É
indispensável ir ao ginásio, mas também estar com a cabeça aberta e
limpa para tirar o máximo rendimento”, concluiu.A
presidente da CAO, Diana Gomes, disse que a saúde mental “trata-se de
um projeto da comissão há uns anos e que, por um motivo ou outro, não se
conseguiu emergir até hoje”, ao desenvolver-se o “enquadramento do
atleta olímpico numa visão holística”.“A
CAO tem, na sua génese, a representação dos direitos e dos interesses de
todos os atletas olímpicos. Neste mandato, percebi e senti que a voz
dos atletas, a aparentar ser ténue e discreta, passou a ganhar
relevância e valor positivo no desporto”, sublinhou.O
orador principal da ‘power talk’ foi o especialista belga Paul
Wylleman, que trabalha com a equipa olímpica da Bélgica, é doutorado em
psicologia e ainda professor na Vige Universiteit, em Bruxelas,
desenvolvendo a atividade como investigador e profissional em psicologia
do desporto, desenvolvimento de performance e apoio mental a atletas.“O
facto de Portugal estar a olhar para este tema é a melhor coisa que se
pode fazer para aumentar o progresso. Portugal está no topo europeu no
que concerne à saúde mental, apenas por fazer as perguntas corretas”,
frisou Paul Wylleman, acrescentando: “Sem investir na saúde mental, não
se dá aos atletas o que necessitam para competir”.