Satélite português vai observar o Atlântico a 510 km de altitude
6 de mar. de 2024, 12:21
— Ana Carvalho Melo
O “Aeros MH-1”, que Portugal enviou na segunda-feira para o espaço,
vai vigiar o oceano Atlântico para acompanhar a biodiversidade marinha e
a evolução da temperatura da água face às alterações climáticas. O
nanossatélite de 4,5 quilos, que seguiu num foguetão Falcon 9, descolou
da base da empresa SpaceX de Vandenberg, no Estado da Califórnia, e é
resultado de uma parceria internacional com o Massachusetts Institute of
Technology (MIT). Foi liderado pela Thales Edisoft Portugal, com o
centro de engenharia CEiiA, e envolveu um consórcio de 12 entidades,
entre as quais as empresas SpinWorks e Dstelecom, e as Universidades do
Minho, do Porto e do Algarve, o Instituto Superior Técnico (IST), o
CoLab + Atlântico, o Okeanos e o Air Centre.Jorge Fontes,
investigador do Okeanos da Universidade dos Açores, que esteve envolvido
neste processo, realçou que o instituto Okeanos entrou como um dos
parceiros dos Açores para complementar este projeto enquanto utilizador
desta tecnologia. “O nosso papel foi, por um lado, aconselhar o
desenvolvimento das capacidades e dos sensores que foram lançados no
satélite de acordo com as nossas necessidades, o que tem a ver com a
investigação, gestão e previsão para criar um produto útil”, explicou.Como
referiu, desta forma, serão fornecidos dados em tempo real que
permitirão identificar os habitats que estão a ser utilizados por
animais marinhos como tubarões, atuns, jamantas, e mapear as suas
deslocações, o que depois poderá ser usado para aconselhar zonas de
pesca, por exemplo. “Os Açores são um excelente tubo de ensaio para
este tipo de tecnologias de monitorização dos oceanos, dado que são
áreas muito extensas e remotas, fundamentais para compreender questões
essenciais como o clima ou a gestão de recursos”, vincou.Outro
interveniente neste processo foi o Air Centre, tendo Pedro Freire da
Silva, CTO do centro internacional, realçado que, dado que uma das
missões do AIR Centre é aumentar o conhecimento sobre temas do mar que
“é um grande desconhecido”, esta ligação ao projeto “Aeros MH-1” era
fundamental, uma vez que vai “permitir aumentar o conhecimento sobre o
desconhecido que é o mar”. Nesse sentido, realçou que este satélite
poderá ser um instrumento para estudo das áreas marinhas protegidas, dos
padrões de vida no mar da megafauna, mas também das alterações
climáticas.A Região está ainda envolvida neste projeto, através do
teleporto de Santa Maria, mantido pela Thales Edisoft Portugal, que irá
realizar as comunicações e a recolha de dados e imagens do “Aeros MH-1”,
quando estiver operacional. O “Aeros MH-1”, que foi o segundo
satélite que Portugal enviou para o espaço, vai ficar posicionado a 510
quilómetros de altitude da Terra, ligeiramente acima da Estação Espacial
Internacional, para observar em particular o oceano Atlântico durante
três anos. O nanossatélite, que começou a ser trabalhado em 2020,
representa um investimento de 2,78 milhões de euros, cofinanciado em
1,88 milhões de euros pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional
(Feder). “Aeros MH-1” é o segundo satélite que Portugal envia para o espaçoO
“Aeros MH-1”, que é o segundo satélite que Portugal envia para o
espaço, foi lançado a bordo de um foguetão da SpaceX, que descolou na
segunda-feira dos Estados Unidos. O “Aeros MH-1” seguiu num foguetão
Falcon 9, que descolou da base da empresa SpaceX de Vandenberg, no
Estado da Califórnia. O lançamento do “Aeros MH-1” ocorreu 30 anos
depois do envio do primeiro satélite português, o “PoSat-1”, um
microssatélite de 50 quilos que entrou na órbita terrestre em setembro
de 1993, mas foi desativado ao fim de uma década. Toda a operação foi
seguida com entusiasmo pelas centenas de pessoas que se reuniram nas
instalações do centro de engenharia CEiiA, em Matosinhos, onde se
ouviram gritos e aplausos ao sucesso do segundo satélite português - o
primeiro desenvolvido, construído e operado em Portugal. Refira-se que o
engenho ganhou a designação de “MH-1” numa homenagem a Manuel Heitor,
ex-ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior que, enquanto
esteve em funções, foi um dos impulsionadores do projeto, de acordo com o
consórcio nacional de empresas e instituições académicas que concebeu,
construiu e opera o satélite.