São Miguel mobiliza 34 toneladas de alimentos em campanha solidária
Hoje 17:21
— Daniela Arruda
A solidariedade da população micaelense voltou a fazer a diferença. No
fim de semana passado, a campanha de recolha do Banco Alimentar de São
Miguel angariou cerca de 34 toneladas de alimentos, ultrapassando em
cerca de uma tonelada e meia o total recolhido na campanha homóloga de
2024. Cada saco entregue refletiu não apenas generosidade, mas também
cuidado, com alimentos variados e pensados para crianças e idosos, que
representam 54% das pessoas apoiadas.Até ao final de novembro, o
Banco Alimentar já tinha apoiado 20.100 pessoas, distribuindo cerca de
630 cabazes por mês, número que sobe para 720 em novembro. Para atender à
procura, a instituição necessita de 22 mil quilos de alimentos
mensalmente, adaptando cada cabaz ao perfil das famílias e à idade dos
seus elementos. Além dos produtos básicos, como arroz, massa, azeite e
conservas, há também papas e leite para crianças e produtos específicos
para idosos, garantindo uma alimentação adequada a todos.Apesar da
generosidade da população e das empresas, o Banco Alimentar enfrenta
necessidades crónicas, como por exemplo reunir cerca de 7.500 litros de
leite todos os meses para apoiar aproximadamente as 600 famílias que
contam com essa ajuda. A instituição depende ainda de doações
contínuas de empresas locais, que representam cerca de 30% dos alimentos
distribuídos, e muitas vezes tem de comprar produtos para garantir que
os cabazes mantenham a quantidade e a variedade necessárias.O perfil
das famílias apoiadas tem registado mudanças discretas, com um aumento
ligeiro de pessoas idosas e de famílias que, apesar de terem emprego,
não conseguem suportar todas as despesas mensais: “Estamos a acompanhar
de perto famílias que efetivamente necessitam de apoio, em articulação
com os assistentes sociais do Instituto da Segurança Social e
associações locais, numa rede que já existe há mais de 25 anos”, explica
Luísa César, presidente do Banco Alimentar de São Miguel.A campanha
contou com a participação de 986 voluntários, incluindo muitos jovens
de escolas básicas e secundárias. Estes jovens ajudaram também a
preparar os cabazes que seriam distribuídos às famílias, aprendendo
sobre solidariedade e responsabilidade social na prática.“É muito
gratificante ver tantos jovens a dedicarem-se ao voluntariado e a
compreender a importância de ajudar o próximo”, sublinha a presidente.Foram
43 postos de recolha ativos em toda a ilha, em superfícies comerciais
grandes e pequenas, garantindo que a campanha chegasse a todos os
concelhos. Embora as superfícies maiores consigam angariar maior
quantidade de alimentos, os pequenos supermercados também se destacaram
pelo empenho, contribuindo de forma consistente para o sucesso da
iniciativa: “Os sacos vieram muito cheios, com variedade. As pessoas que
doaram tiveram a preocupação de doar como se estivessem a comprar para
si próprias”, afirma Luísa César.Além do impacto imediato na
alimentação das famílias, o Banco Alimentar preocupa-se com os efeitos a
longo prazo na saúde e no desenvolvimento das crianças. Uma alimentação
equilibrada é fundamental para prevenir problemas como colesterol
elevado, diabetes e até insucesso escolar.Sobre o balanço da
campanha deste fim de semana, a presidente confessa ser bastante
positivo, não apenas em quantidade, mas sobretudo em qualidade e
consciência social.A iniciativa permitiu não só angariar uma grande
quantidade de alimentos, mas também envolver a comunidade de forma
ativa, mostrando que cada doação, por menor que pareça, faz diferença na
vida de muitas famílias. O valor do cabaz alimentar continua a
subir e, segundo relatório do Governo Regional, atingia no final de
setembro 143,72 euros, o que reforça a importância de contribuir, pois
nem todas as famílias conseguem fazer face a todas as despesas.