Santos Silva quer travão ao discurso de ódio na AR e não exclui candidatura a Belém
22 de jul. de 2022, 11:09
— Lusa/AO Online
Em
entrevista à RTP2, o líder do parlamento sublinhou dirigir os trabalhos
“no cumprimento das obrigações constitucionais e regimentais”,
assinalando a “colaboração de todos os grupos parlamentares” e recusando
“problemas” em relação ao partido presidido por André Ventura, que hoje
abandonou o hemiciclo em protesto contra Santos Silva durante o debate
sobre a revisão da lei dos estrangeiros.“Entendo
que defender o prestígio da AR passa também por evitar que o discurso
de ódio repercuta na AR. Portanto, tenho feito observações de acordo com
as minhas obrigações regimentais sempre que os deputados se excedem,
recorrem a injúrias ou caem na tentação de afirmações xenófobas. Nessas
circunstâncias, limito-me a assinalar que o entendimento do parlamento
português é completamente diverso”, afirmou.Reiterando
a defesa de Portugal enquanto “um país aberto e treinado na emigração e
na imigração”, Santos Silva lembrou ainda que nenhuma decisão sua com
efeitos na condução dos trabalhos é irrecorrível: “A qualquer momento,
qualquer partido pode recorrer para o plenário de decisões que eu tome
no que diz respeito à admissão de projetos ou à condução dos trabalhos, o
que, aliás, tem acontecido”.O presidente
da AR foi também questionado sobre o seu futuro político e o cenário de
uma eventual candidatura à Presidência da República nas eleições de
2026, mas não excluiu nenhuma possibilidade.“Não
rejeito nada em absoluto, porque se o fizesse não tinha procurado
servir o meu país onde era necessário e entendido como mais útil. Seria
desrespeitoso dizer mais do que isto; desrespeitoso para os deputados e
para o atual Presidente da República, que está na primeira metade do seu
mandato e com o mérito que os portugueses lhe reconhecem. Lá para 2025
falaremos das presidenciais. Entretanto, vamos trabalhando em conjunto”,
resumiu.Santos Silva considerou
igualmente que o ex-presidente do PSD, Rui Rio, “merece a gratidão”
expressada pelo primeiro-ministro, António Costa, no debate do Estado da
Nação, nesta quarta-feira, após quatro anos de Rio no papel de líder da
oposição. Já sobre a atual situação política do país e o reconhecimento
pelo líder do Executivo que “o país está pior” do que há um ano, o
presidente da AR lembrou os efeitos da guerra na Ucrânia.“Portugal
e a União Europeia (UE) passam por um momento difícil e essa crise tem
uma razão clara: a invasão da Ucrânia pela Rússia. Portugal é até dos
países que tem revelado maior resistência e capacidade de proteção face a
essas consequências negativas e até vai ser o país que mais cresce na
UE este ano, mas isso não nos deve desviar do facto de que temos de
responder à inflação”, concluiu.