Santos Silva falou com Zelensky sobre papel de Portugal no diálogo com hemisfério sul
Ucrânia
2 de mai. de 2023, 18:54
— Lusa/AO Online
Em
declarações à Lusa, por via telefónica, a partir de Kiev, onde está até quarta-feira em visita oficial, Augusto Santos Silva
classificou a reunião com Volodymyr Zelensky como “bastante útil” e
destacou o ponto “em que ficou mais claro o valor que Portugal
acrescenta na gestão política e diplomática deste conflito”.“Talvez
o ponto mais importante da reunião tenha tido a ver com o papel que
Portugal desempenha - e pode ainda desempenhar mais - no diálogo com os
países do hemisfério sul, em particular com os países latino-americanos e
africanos, com os quais nós temos laços muito próximos e aos quais
temos transmitido a nossa posição sobre esta guerra da Rússia contra a
Ucrânia”, afirmou.O presidente da
Assembleia da República salientou que “a clareza da posição portuguesa é
conhecida desde o primeiro momento” de condenação à invasão da Ucrânia
pela Rússia.“E são conhecidas as dúvidas
que vários países latino-americanos e africanos têm exprimido, muitas
vezes dizendo que esta é uma guerra que é da Europa e não deles. Convém
manter o dialogo com estes países para mostrar-lhes que também está aqui
em causa a ordem internacional baseada em regras que todos defendemos”,
referiu.A reunião durou perto de uma hora, segundo Santos
Silva, e prolongou-se até mais do que o previsto, tendo estado também
presentes os representantes do PS, PSD, IL e BE e o ministro dos
Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba, que Santos Silva já
conhecia, uma vez que exerceu essas funções entre 2015 e 2022.No
encontro, foi abordado o processo de candidatura da Ucrânia à União
Europeia – que já tem o estatuto de país candidato -, tendo Santos Silva
cumprimentado Zelensky pela forma como o país tem feito “a sua parte
com muita determinação”, e outro dos pontos presentes na conversa foram
as perspetivas de cooperação entre a Ucrânia e a Nato.“A
maioria dos países da Aliança Atlântica e da União Europeia, Portugal
incluído, têm apoiado bilateralmente a Ucrânia, e o país tem a
perspetiva de considerar que o seu lugar é no Ocidente, é na Europa e
isso significa, para além de pertencer à União Europeia, ter uma certa
perspetiva em relação à Nato. Evidentemente, o foco neste momento é a
guerra que temos de parar com a condição que é necessária: a cessação
das hostilidades por parte da Rússia e a retirada do território
ucraniano ocupado”, considerou.Finalmente,
o presidente ucraniano agradeceu “muito enfaticamente” o apoio que
Portugal tem prestado ao país e deu conta das necessidades mais
prementes em matéria de equipamentos militares, de que Santos Silva
tomou “boa nota para transmitir ao Governo”.Na quarta-feira, o presidente da Assembleia da República irá fazer uma intervenção na sessão plenária do parlamento da Ucrânia.“Intervirei
com todo o gosto e toda a honra”, salientou, acrescentando que terá
depois um encontro e um almoço de trabalho com o primeiro-ministro do
país, Denys Shmygal.Ao início da tarde de
quarta-feira, Santos Silva vai encontrar-se com estudantes de português
no Departamento de Filologia da Universidade de Kiev.“É
uma maneira de comemorar o Dia Mundial da Língua Portuguesa que se
celebra na próxima sexta-feira. É especialmente simbólico que uma das
iniciativas seja um encontro com estudantes de português na Ucrânia”,
destacou, salientando que o português é “uma língua de paz e de
comunicação”.Santos Silva está acompanhado
nesta vista por uma delegação parlamentar composta pelo deputado e
líder parlamentar do PS, Eurico Brilhante Dias, Jorge Paulo de Oliveira
(PSD), João Cotrim de Figueiredo (IL)e Isabel Pires (BE), sem
representantes das bancadas do Chega ou do PCP.Na
semana passada, o presidente da Assembleia da República anunciou que
excluiu o Chega, o terceiro maior partido, das delegações das visitas a
parlamentos estrangeiros, após o incidente na sessão de boas-vindas a
Lula da Silva, no dia 25 de Abril.Questionado
pela Lusa, o gabinete de Santos Silva justificou a presença das quatro
bancadas parlamentares por se ter combinado uma regra de rotatividade
nestas deslocações, com um máximo de quatro deputados, e também como um
sinal do apoio da Assembleia da República à Ucrânia.O
Presidente da Ucrânia dirigiu-se em 21 de abril do ano passado ao
parlamento português por videoconferência, numa sessão solene de
boas-vindas que contou com a presença do Presidente da República,
Marcelo Rebelo de Sousa, e do primeiro-ministro, António Costa, e na
qual o PCP foi o único partido com representação parlamentar que não
participou por discordar da mesma.