Santos Silva em defesa do equilíbrio entre acesso a informação e confidencialidade
17 de mai. de 2022, 11:37
— Lusa/AO Online
Esta
posição foi transmitida por Augusto Santos Silva na cerimónia de posse
dos elementos indicados pelo parlamento para a Comissão de Acesso aos
Documentos Administrativos (CADA): Tiago de Freitas, proposto pelo PS, e
João Carlos Bastos Coelho, indicado pelo PSD.Tendo
a ouvi-lo o líder parlamentar do PS, Eurico Brilhante Dias, o
presidente da Comissão de Assuntos Constitucionais, Fernando Negrão, e o
“vice” da bancada social-democrata Paulo Moniz, o ex-ministro de Estado
e dos Negócios Estrangeiros centrou o seu breve discurso nos desafios
do Estado de Direito democrático.Augusto
Santos Silva começou por se referir às obrigações de “transparência e
prestação de contas” aos cidadãos “típicas da administração pública e do
governo em sentido amplo”, a par do direito à informação, valores em
relação aos quais se concede acesso “aos documentos que consubstanciem
essa informação”.“Temos um equilíbrio
entre estes direitos e valores e, do outro lado, outros valores e
interesses do mesmo Estado de Direito democrático que importa assegurar,
desde logo a privacidade das pessoas”, referiu.O
presidente da Assembleia da República acrescentou depois “a obrigação
de defender os processos de decisão democráticos, processos que muitas
vezes exigem nos seus estádios preparatórios uma confidencialidade que é
necessário respeitar”.“Essa
confidencialidade pode ser determinada por interesses de Estado,
relativos à sua segurança: Matérias de defesa nacional ou diplomática.
São situações em que precisamos de resguardo para que as decisões,
entendimentos e concertações possam ser garantidos”, justificou.Para
Augusto Santos Silva, em suma, “é nesse equilíbrio entre os valores da
transparência, da prestação de contas e do direito à informação e, do
outro lado, as não menos relevantes necessidades de o Estado democrático
organizar os processos de decisão e de concertação internacional que se
deve colocar a função da CADA, seja na função de consulta ou de
instância de apresentação de queixas”.Nos
termos do regime de acesso à informação administrativa, esta é uma
entidade administrativa independente, que funciona junto da Assembleia
da República e tem entre os seus membros "duas personalidades de
integridade e mérito reconhecidos" eleitas pelo parlamento "segundo o
método da média mais alta de Hondt".