Autor: Carlota Pimentel
O histórico bote baleeiro Santa Joana vai deixar o centro comercial Parque Atlântico, onde se encontra em exposição desde 2003. A embarcação, que pertence ao Museu Carlos Machado, será transferida no dia 16 de setembro para o Clube Naval de Ponta Delgada.
Construído em 1952 pelo carpinteiro calafate João Basílio da Silva, a pedido da União das Armações Baleeiras de São Miguel, o Santa Joana operou durante anos na costa norte da ilha, com base em São Vicente Ferreira, Capelas. Movido a velas e remos, tinha capacidade para oito tripulantes. Em 1962, a tripulação chegou a capturar 39 cachalotes.
Depois de ter sido adquirido pelo Museu Carlos Machado em 1998, foi colocado em exposição no Parque Atlântico aquando da inauguração do centro comercial, em outubro de 2003.
Agora, a embarcação vai integrar a Casa dos Botes, um núcleo museológico, localizado na sede do Clube Naval de Ponta Delgada (CNPDL), que resulta da parceria entre a Futurismo e o CNPDL.
Ao Açoriano Oriental, o presidente do CNPDL, Carlos Carreiro, realçou que foi “a cereja no topo do bolo o Museu Carlos Machado confiar em nós e trazer uma embarcação que andou no mar, na caça à baleia, para a podermos expor e, através dela, trazer à memória dos micaelenses e do povo em geral o nosso património baleeiro”.
O responsável elucidou que “como não pode navegar, o bote de Santa Joana ficará permanentemente em exposição na Casa do Bote”.
Segundo o presidente do CNPDL, a Casa dos Botes terá sempre em exposição conjunta o Santa Joana e um bote do Grupo Central, para que os visitantes possam perceber as diferenças de construção entre ambos.
“Numa vista geral e com um olhar menos atento, as pessoas vão pensar que os botes são iguais, mas na verdade são um pouco diferentes. O calado e o comprimento variam muito pouco, mas a grande diferença está na construção. Enquanto os do Grupo Central são de tabuada horizontal, os botes de São Miguel são de tabuada vertical. Depois existem ainda pequenas variações no manuseamento e na navegação. De resto, todos descendem praticamente da mesma embarcação americana, o bote baleeiro americano”, explanou.
O dirigente acrescentou que a embarcação não
será apenas colocada em exposição, mas fará parte de um espaço
interpretativo dedicado à memória baleeira. Conforme referiu, a Casa dos
Botes está a ser preparada para receber visitantes e vai mostrar a
história do Santa Joana. Para isso, o CNPDL contará com o apoio do Museu
Carlos Machado.
“Ficará exposta na nossa Casa dos Botes, com toda a sua história plasmada nas paredes e no próprio espaço”, referiu.
Para o presidente, trata-se da “união do passado e do presente a transmitir-nos o futuro, que será excelente para a memória coletiva”.
Carlos Carreiro adiantou que o Clube Naval de Ponta Delgada desenvolve regularmente atividades com outros botes baleeiros, fruto da parceria estabelecida com a Futurismo.
Estas embarcações, ao contrário do Santa Joana, continuam operacionais e são utilizadas em regatas, treinos e outras experiências no mar.
“Temos tido uma atividade permanente com os botes que estão protocolados com a Futurismo. Duas ou três vezes por semana, vamos para o mar com os botes que podem ir permanentemente para a água”, disse.
E prosseguiu: “Temos a parte das companhias de competição e temos também a escola, que não é regular. Sempre que alguém quer experimentar o bote, acompanhamos a pessoa no mar; se gostar, passa a frequentar as primeiras aulas e, depois, passa a ser nosso atleta”.
O presidente explicou que haverá duas vertentes, a “de
lazer, que pode ser praticada nos botes baleeiros, a remo e à vela” e a
de competição.