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I Liga - balanço
Santa Clara e Casa Pia sobressaem, Boavista desilude

Santa Clara e Casa Pia foram as principais surpresas na edição 2024/25 da I Liga de futebol para o treinador Álvaro Pacheco, que ficou triste pela descida do Boavista e encantado com Viktor Gyökeres, goleador do bicampeão Sporting


Autor: Lusa/AO Online

“Santa Clara e Casa Pia destacam-se, porque fizeram as melhores épocas de sempre e tiveram um percurso fantástico, consolidando o trabalho dos anos anteriores. O Casa Pia esteve muito bem e o Santa Clara melhor ainda, visto que vai à Europa”, particularizou à agência Lusa o ex-técnico de Vizela, Estoril e Vitória de Guimarães no escalão principal.

Santa Clara, quinto, com 57 pontos, e Casa Pia, nono, com 45, foram os únicos a atingir novos recordes de pontuação, tendo os açorianos acedido às pré-eliminatórias da Liga Conferência, precisamente um ano depois de subirem à elite como campeões da II Liga.

No fundo da classificação, o AVS, também promovido há um ano, terminou no 16.º lugar, com 27 pontos, e tem a permanência pendente de um play-off com o Vizela, terceiro do segundo escalão, enquanto o Farense, 17.º, com 27 e desvantagem no confronto direto frente ao clube sediado na Vila das Aves, e o Boavista, 18.º e último, com 24, desceram.

“Falo com tristeza do Boavista, do qual tenho um carinho grande, por ser um histórico do futebol português, que foi campeão nacional [em 2000/01] e faz falta. Desejo claramente que recupere o mais rápido e venha para o patamar que merece e no qual tem de estar. Um clube com tanta história, mística e cultura tem de estar na I Liga”, reconheceu Álvaro Pacheco, que passou pelos ‘axadrezados’ de 2016 a 2017, como adjunto de Miguel Leal.

No plano das individualidades, o treinador sublinha a influência do médio dinamarquês e capitão Morten Hjulmand e de Viktor Gyökeres no 21.º título do Sporting, que festejou em edições sucessivas pela primeira vez em 71 anos e contou com 39 golos ponta de lança sueco, melhor marcador pela segunda época seguida, na sequência dos 29 em 2023/24.

“Já há muito tempo que não via um futebolista tão influente numa equipa e que fizesse a diferença de tal maneira. O Gyökeres fica certamente como um dos melhores avançados da história do futebol português. É completamente diferenciado e arrisco-me a dizer que será um dos melhores avançados do mundo. Ele tem imenso potencial, consegue mexer de forma incrível num jogo e é aquele atleta que qualquer treinador quer ter”, enquadrou.

Álvaro Pacheco, de 53 anos, encontrou Viktor Gyökeres por duas vezes na última época, quando, como treinador do Vitória de Guimarães, intercalou uma vitória caseira (3-2), na 13.ª jornada, com uma derrota em Alvalade (3-0), selada com um ‘bis’ do sueco, na 30.ª.

“Teve um crescimento muito grande. É um jogador com exigência própria para conseguir evoluir e tornar-se mais forte ano após ano, sendo que também tem variabilidade no jogo e habilidade para entender os espaços curtos e atacar a profundidade. Depois, quando a sua equipa sente dificuldades em levar o jogo para o meio-campo contrário, mostra essa capacidade em posse e, principalmente, sem a bola, devido à sua robustez, velocidade e agressividade. Poucos têm essa capacidade”, frisou.

Quanto ao Benfica, segundo colocado, Álvaro Pacheco enalteceu a “ambição transmitida em campo” pelo defesa central argentino e capitão Nicolás Otamendi, que “manteve um elevado rendimento e até parece um jovem a começar a sua carreira”, enquanto o lateral esquerdo espanhol Álvaro Carreras cresceu em influência com uma “época de nível alto”.

“No FC Porto, o Rodrigo Mora está a aparecer, é um jovem com tremendo talento e será alguém que os portugueses vão adorar ver, porque tem magia nos pés. Já o Diogo Costa consolidou-se como capitão e um dos melhores guarda-redes mundiais”, disse, elogiando ainda o avançado Ricardo Horta e o médio uruguaio Rodrigo Zalazar, ambos do Sporting de Braga, e o ponta de lança brasileiro Cassiano, que atua no Casa Pia e coincidiu com o treinador no Vizela e no Estoril Praia, criando uma “amizade muito boa, de pai para filho”.